Por Sousa Neto -   Indiscutivelmente, o Brasil é um dos países mais violentos do mundo,  superando até nações em constante conflito externo e interno, a exemplo  de Iraque, Israel, Afeganistão e alguns povos africanos.
O número de assassinatos e mortes no trânsito por aqui, que chega a quase 90 mil pessoas por ano, é tão absurdo quanto preocupante. As causas da gritante violência nacional vão além das que costumeiramente são discutidas, entre as quais a miséria que assola as periferias dos grandes centros, o campo e as pequenas cidades; o alcoolismo, as drogas, a desqualificação do ensino público; a caduquice do código penal, a ineficiência da polícia, a morosidade da Justiça e a impunidade.
Essas, seguramente, podem ser apontadas como as principais causas da tendência violenta de parte da população brasileira, mas não são as únicas: há outras de cunho subjetivo e cultural que nos pulveriza ainda na infância com seu veneno poderoso, toxina trazida até nós pelo maior veículo de comunicação do país. Se, por um lado, a televisão comercial prega a paz; por outro, muito contribui para que a cultura da violência se enraíze cada vez mais no Brasil. É uma retórica hipócrita: faço o que eu digo, mas não faça o que eu mostro.
A televisão muito critica os governos, Justiça e legislativo pela violência, mas não faz a sua parte para que se estabeleça uma cultura de paz no país; ao contrário, difunde a ideia da violência, através de filmes, desenhos animados, programas policiais, lutas reais e sanguinárias e séries que exibe como algo divertido, comum, normal, aceitável socialmente. Sangue, trucidamentos e brutalidades de todos os tipos tornaram-se o entretenimento preferido do público televisivo nacional desde 40 anos atrás. Um gosto que foi se apurando ao longo dos anos e que hoje, graças aos muitos sabores tecnológicos, esbalda-se e sacia-se plenamente nos videogames sanguinolentos e nos jogos de rede violentíssimos, onde o herói é sempre aquele que mata mais, que mais derrama sangue dos rivais. E é admirado por isso.
Do desenho animado na sala de casa, aparentemente ingênuo, mas à base de muito disparo e pancada, a uma sala de internet, a criança brasileira cresce vendo morte e sangue como algo divertido, comum, normal, atrativo. Influenciados pelos sucessos da TV e da internet, as fábricas de diversões produzem armas de brinquedo semelhantes às usadas pelos personagens televisivos e internáuticos. E o que era apenas ficção começa a se materializar em brincadeiras e, depois, pela indução subconscientemente ou conscientemente, a coisa fica séria e grave: tudo vira realidade, uma realidade triste, lastimável, que não diverte, mas que comove, que lacrimeja, que aterroriza. Nesse filme real, os personagens morrem verdadeiramente: não são figuras animadas e indestrutíveis, nem heróis invencíveis. Morrem, sim, porque são gente de carne e osso, e tem filhos e tem pais, e tem família para sofrer e chorar sua partida eterna.
Diante disso, algumas questões precisam ser levantadas: por que a televisão comercial brasileira, que detém 95% da audiência, monta sua programação infantil com base em desenhos animados onde a violência, o confronto físico, o conflito moral, o ódio incontrolável, a vingança a todo custo fazem o enredo? Por que incutir a desregra social como entretenimento para criança? Por que nossa televisão comercial condena tanto as drogas, mas a cada 30 segundos exibe uma bela e cara propaganda de cerveja, mesmo sabendo que o álcool é causa de grande parte da violência dentro e fora de casa, na rua e no trânsito? Por que a TV brasileira importa tanta porcaria americana? Somente para contaminar nossas crianças? Lá, no paraíso americano, de vez em quando uma pessoa invade uma sala de cinema ou escola e fuzila todo mundo, como se fosse um dos heróis de Hollywood. Já aqui, no Brasil, depósito do lixo cultural americano, essa neurose é coletiva e acentuada pelo subdesenvolvimento educacional e a miséria. Por que os filmes da Globo, Record, Bandeirantes e SBT dirigidos aos jovens e adultos precisam ser grandes chacinas? Que mensagem positiva ou lição de vida Van Damme, Rambo, Jack Bauer e companhia podem despertar na juventude brasileira? O público gosta de ver sangue, respondem eles. Gosta ou foi influenciado a gostar? Perguntamos nós.
O problema da televisão brasileira, que mostra a violência como arte cinematográfica, que induz o jovem ao consumo de álcool em seus reclames publicitários e que transforma bandidos em celebridades em seus programas policiais, é a falta de uma autocrítica, de uma autoavaliação, e de regulamentação também. Nessa corrida desesperada e desenfreada por audiência e faturamento, a TV comercial está esquecendo de sua responsabilidade social, como veículo de comunicação e concessão pública, que é a defesa dos valores humanitários, educacionais, morais e familiares e de uma cultura sadia em todos os aspectos das relações humanas.
O número de assassinatos e mortes no trânsito por aqui, que chega a quase 90 mil pessoas por ano, é tão absurdo quanto preocupante. As causas da gritante violência nacional vão além das que costumeiramente são discutidas, entre as quais a miséria que assola as periferias dos grandes centros, o campo e as pequenas cidades; o alcoolismo, as drogas, a desqualificação do ensino público; a caduquice do código penal, a ineficiência da polícia, a morosidade da Justiça e a impunidade.
Essas, seguramente, podem ser apontadas como as principais causas da tendência violenta de parte da população brasileira, mas não são as únicas: há outras de cunho subjetivo e cultural que nos pulveriza ainda na infância com seu veneno poderoso, toxina trazida até nós pelo maior veículo de comunicação do país. Se, por um lado, a televisão comercial prega a paz; por outro, muito contribui para que a cultura da violência se enraíze cada vez mais no Brasil. É uma retórica hipócrita: faço o que eu digo, mas não faça o que eu mostro.
A televisão muito critica os governos, Justiça e legislativo pela violência, mas não faz a sua parte para que se estabeleça uma cultura de paz no país; ao contrário, difunde a ideia da violência, através de filmes, desenhos animados, programas policiais, lutas reais e sanguinárias e séries que exibe como algo divertido, comum, normal, aceitável socialmente. Sangue, trucidamentos e brutalidades de todos os tipos tornaram-se o entretenimento preferido do público televisivo nacional desde 40 anos atrás. Um gosto que foi se apurando ao longo dos anos e que hoje, graças aos muitos sabores tecnológicos, esbalda-se e sacia-se plenamente nos videogames sanguinolentos e nos jogos de rede violentíssimos, onde o herói é sempre aquele que mata mais, que mais derrama sangue dos rivais. E é admirado por isso.
Do desenho animado na sala de casa, aparentemente ingênuo, mas à base de muito disparo e pancada, a uma sala de internet, a criança brasileira cresce vendo morte e sangue como algo divertido, comum, normal, atrativo. Influenciados pelos sucessos da TV e da internet, as fábricas de diversões produzem armas de brinquedo semelhantes às usadas pelos personagens televisivos e internáuticos. E o que era apenas ficção começa a se materializar em brincadeiras e, depois, pela indução subconscientemente ou conscientemente, a coisa fica séria e grave: tudo vira realidade, uma realidade triste, lastimável, que não diverte, mas que comove, que lacrimeja, que aterroriza. Nesse filme real, os personagens morrem verdadeiramente: não são figuras animadas e indestrutíveis, nem heróis invencíveis. Morrem, sim, porque são gente de carne e osso, e tem filhos e tem pais, e tem família para sofrer e chorar sua partida eterna.
Diante disso, algumas questões precisam ser levantadas: por que a televisão comercial brasileira, que detém 95% da audiência, monta sua programação infantil com base em desenhos animados onde a violência, o confronto físico, o conflito moral, o ódio incontrolável, a vingança a todo custo fazem o enredo? Por que incutir a desregra social como entretenimento para criança? Por que nossa televisão comercial condena tanto as drogas, mas a cada 30 segundos exibe uma bela e cara propaganda de cerveja, mesmo sabendo que o álcool é causa de grande parte da violência dentro e fora de casa, na rua e no trânsito? Por que a TV brasileira importa tanta porcaria americana? Somente para contaminar nossas crianças? Lá, no paraíso americano, de vez em quando uma pessoa invade uma sala de cinema ou escola e fuzila todo mundo, como se fosse um dos heróis de Hollywood. Já aqui, no Brasil, depósito do lixo cultural americano, essa neurose é coletiva e acentuada pelo subdesenvolvimento educacional e a miséria. Por que os filmes da Globo, Record, Bandeirantes e SBT dirigidos aos jovens e adultos precisam ser grandes chacinas? Que mensagem positiva ou lição de vida Van Damme, Rambo, Jack Bauer e companhia podem despertar na juventude brasileira? O público gosta de ver sangue, respondem eles. Gosta ou foi influenciado a gostar? Perguntamos nós.
O problema da televisão brasileira, que mostra a violência como arte cinematográfica, que induz o jovem ao consumo de álcool em seus reclames publicitários e que transforma bandidos em celebridades em seus programas policiais, é a falta de uma autocrítica, de uma autoavaliação, e de regulamentação também. Nessa corrida desesperada e desenfreada por audiência e faturamento, a TV comercial está esquecendo de sua responsabilidade social, como veículo de comunicação e concessão pública, que é a defesa dos valores humanitários, educacionais, morais e familiares e de uma cultura sadia em todos os aspectos das relações humanas.



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