sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Cirurgia de Hemorroídas

Jessier Quirino, poeta popular de Campina Grande, faz um "tratado proctológico" e narra diversos nomes para o fiofó, butico, anel de couro... Rimado!


No tronco do ser humano,
Nos “finar” mais derradeiro
Tem uma rosquinha enfezada
Que quando tá inflamada
Incomoda o corpo inteiro
Se tossir, se faz presente
E se chorar se faz também

O “cabra” não pode nada
Com nada se entretém
Eu lhe digo, meu “cumpade”
Não desejo essa “mardade” pra rosca de seu ninguém

Não sei o nome da cuja
Desta cuja eu tiro o ja
O que resta é quase nada
Bote o nada na parada
Quero ver tu agüentar

Eu lhe digo meu “cumpade”
Que é grande humilhação
Um cabra do meu quilate,
Adoecido das parte,
Fazer uma operação

Não suportando mais dor,
O meu ato derradeiro
Foi procurar um doutor
Do bocado arengueiro

Do bocado arengueiro,
Feijoeiro, fiofó, bufante,
Frescó, lorto, apito,
Brote e bozó.
De furico, fedegoso,
Piscante, pelado, boga,
Fosquete, frinfra, sedém
Zueiro, ficha, vintém,
De ás de copa e de foba.
De oiti, “oi” de porco,
“ané” de couro e cagueiro,
De girassol, goiaba,
Roseta, rosa,
Rabada, boto, zero,
“miaieiro”, de nó dos fundo,
Buzeco, de sonoro e pregueado,
Rabichol, furo, argola,
“ané” de ouro e de sola,
Boca de “veia” e zangado

Um doutor de aro treze,
De peidante e zé de boga,
Que não aperte o danado
Nem deixe com muita folga, “né”?
Um doutor “picialista” em bocada tarraqueta,
Doutor de quinca, dentrol,
Zé besquete, carrapeta
Doutor de rosca,
Rosquinha, tareco,
Frasco e obrón
Ceguinho, botico, zero,
Tripa gaiteira, fonfom,
“miaieiro”, mucumbuco,
Boraco, proa, polgueiro,
Forever, cloaca, urna,
Gritador, frango e fueiro

Cano de escape, pretinho,
Rodinha, x.p.t.o.,
Zerinho, “subiador”,
Tripa oca e fiofó
Um doutor de elitório ou de boca de caçapa
Que não seja inimigo,
Também não seja meu chapa
Tratador de canto escuro,
De boréu e de cheiroso,
De formiróide alvado,
De parreco e de manhoso,
De xambica e sibasol,
Apolônio e fobilário,
Bilé, brioco e “roxim”
Fresado, anilha e cagário
Vaso preto, zé careta,
Olho cego e espoleta,
Fuzil, fioto e foário

Não é doutor de ovário,
É doutor de orió!
De cá pra nós e bostoque,
De futrico e de ilhó,
De coliseu e caneco,
Roscofe, forno e botão
De disco, de farinheiro,
De jolie, fundo e fundão,
De cuovades, fichinha,
Que não vinha com gracinha
E que não tenha o dedão.
Um doutor de zé de quinca,
Canal dois e cagador
Buzina, vesúvio, cego,
Federais, sim senhor
“fagüieiro”, zé zoada,
Rosquete e fim de regada
Eu só queria um doutor!

O doutor se preparou-se,
Parecia galileu
Aprumou um telescópio
Quem viu estrela fui eu
Ele disse:
“arriba as pernas”
Eu disse:
“tenha calma, sonho meu”
A partir daquela hora,
Perante nossa senhora,
Não sei o que “assucedeu”

Com as forças da humildade,
Já me sinto mais “mior”
Me desejo um ânus novo,
Cheio de “velso” e forró
E pros “cumpade”, com franqueza,
Desejo grande riqueza:
Saúde no fiofó.  

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