Há consenso ao se falar que a água é essencial para a manutenção da vida. Consequentemente, a falta dela significa morte. Alheia a esse fato, grande parte da população não se preocupa com a forma como utiliza esse recurso. De acordo com a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), metade da água que é distribuída nos municípios é desperdiçada ou mal utilizada.
Se analisarmos os dados do Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento (Sanis), do Ministério das Cidades, vamos perceber que a relação de consumo per capta no Estado não é alta. As duas maiores cidades, João Pessoa e Campina Grande, possuem consumo médio de 111,2 e 106,3 litros por habitantes ao dia (l/hab/dia). A Organização das Nações Unidas (ONU), por exemplo, preconiza o consumo médio de 110 litros por pessoa, o que coloca o consumo das duas cidades como estável.
Entretanto, quando se leva em consideração o fato do dado ser elaborado com base na quantidade de água distribuída pela Cagepa e depois dividida pela quantidade de pessoas atendidas, as conclusões não são as mesmas. Muitas localidades que possuem sistemas precários de distribuição acabam sendo penalizadas em detrimento de outras onde o escoamento de água é regular. Por isso, engana-se quem se vale do dado para falar que o consumo local é sustentável.
A disparidade de consumo varia, inclusive, dentro de uma mesma cidade. O engenheiro Ronaldo Meneses é subgerente de Controle Operacional da Cagepa Borborema e neste ano defendeu sua dissertação de mestrado, na qual realizou um diagnóstico operacional do sistema de abastecimento de Campina Grande. Ele disse que chegou a um número diferente do que apontado pelo Sanis e comprovou que atualmente o consumo médio local é em torno de 200 litros por habitantes/dia, portanto, alto.
Em bairros como Mirante e Alto branco esse consumo varia entre 300 e 400 (l/hab/dia). Já em outras localidades, como o bairro da Glória, essa relação é de apenas 80 (l/hab/dia), o que atesta um aspecto desigual tanto no sistema de operação como no estilo de vida de cada realidade. “Nos dois primeiros bairros, o padrão de consumo é diferente. As casas são maiores, possuem máquinas de lavar louça, roupa, jardins, carros, mais de um banheiro e isso acaba sendo determinante. Outra disparidade é que o Glória ainda sofre com déficit no fornecimento”, afirmou.
Por Alberto Simplício
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