Depois de perder sua única escola, Vila poderá sofrer mais uma injustiça governamental
Por Sousa Neto/Folha do Vale
Neste começo de ano, o Governo do Estado mandou fechar as portas do único benefício público da Vila Mocó, que ficou sem sua escola, e agora poderá sofrer uma outra grave injustiça, mais uma vez pelas mãos do próprio governo.
A povoação de afrodescendentes, considerada uma das mais antigas e carentes de Itaporanga e que também não tem água nem calçamento, nasceu em precárias moradias, e hoje grande parte de suas casas ainda é de barro e madeira, sem falar nas inúmeras famílias que botaram seus casebres de taipa abaixo motivadas pela promessa do poder público de uma casa nova, e até agora estão desabrigadas, apesar dos milhões de reais que a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e a Cehap (Companhia Estadual de Habitação Popular) investiram no município nos últimos 20 anos para melhorar as condições de moradia da população pobre.
Há mais de um ano, o governo estadual, através da Cehap e com apoio federal, iniciou a construção de 30 casas populares na Vila Mocó, mas, irônico e injustamente, as famílias da comunidade não serão beneficiadas, conforme denunciaram à Folha (www.folhadovali.com.br) os próprios moradores, que estão revoltados e prometem protestar se nenhuma providência for tomada pelo poder público para sanar essa ilegalidade. “Na campanha eleitoral para governo, o prefeito disse que essas casas iriam ser construídas para o povo da Vila, mas isso não está acontecendo”, lamentou um morador local.
Algumas das moradias erguidas pela companhia de habitação estão quase prontas e serão entregues a pessoas da cidade, muitas delas com bom poder aquisitivo, segundo o presidente da comunidade, Damião Sapinho, enquanto as famílias da Vila vão continuar sem teto ou vivendo em casebres caindo aos pedaços e tomados por insetos. “É por isso que nossa comunidade não vai pra frente”, desabafou o presidente.
Outras pessoas da Vila também lamentam que o governo invista dinheiro público na construção de moradias na área sem beneficiar a comunidade, permitindo a sequência de uma injustiça social histórica para com a Vila Mocó, onde não há água potável nem calçamento, os esgotos correm a céu aberto. A povoação não tem serviço postal e ficou também sem educação a partir do fechamento de sua única escola. “Não temos nada aqui, e o que é feito na comunidade vai para o povo de fora”, enfatizou uma moradora local.
Foto: casas construídas na Vila podem não ficar com as famílias da comunidade.
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