segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Retrato


Pedro Nunes Filho

Uma forquilha sustenta um galho torto,
Um asno preto parece quase morto,
Uma tapera pedindo proteção,
Um céu azul mostrando o infinito,
Nenhum vivente que possa dar um grito
Pedindo aos céus a sua proteção.

Uma mulher parada em frente à porta,
Por trás de casa a natureza morta
Numa paisagem de imensa solidão,
Um banco velho, um tronco de madeira
Um pote seco debaixo da goteira,
Pingos de prata esperando em vão.

Esponja limpa passaram sobre o céu,
Nuvens-fumaça, a terra um fogaréu,
Dois umbuzeiros com ramos desfolhados,
Uma tapera pequena e sem conforto,
Quem sabe dentro um velho quase morto
E doze filhos no mundo espalhados.

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