Maria de Todos os Valores.
( Reynolds Augusto)
Todas as Marias são fortes, destemidas, lutadoras por seus ideais. Acredito que a maior Maria que esteve na Terra, foi a de Nazaré, mãe do espírito mais perfeito que encarnou nesse planetinha atrasado, para ensinar os seus moradores a amar: Jesus, a luz do mundo.
Não sabemos ainda o que é o amor. O que cognominamos de amor, não chega nem perto do que realmente seja esse sentimento. São poucas as pessoas que sentiram essa força maior da vida. Quem o sente de verdade, se transforma, se ensimesma, muda de direção.
Vinte e uma e Trinta do sábado, dia 02, e saímos da Reunião Pública do Centro Espírita Jesus de Nazaré, depois de uma palestra encantadora de Manuel Ferreira, de Boa Ventura - Manuel fala bem e com coerência- Fomos eu, minha esposa, Williana; “Dom Campos”, apelido carinhoso, e sua amada esposa Rosa, à casa de uma Maria que espargiu amor por nossa Itaporanga. MARIA AGUIAR, Maria de seu Fernão. Era uma despedida.
Cabelos alvos, esbranquiçados pelo tempo inexorável, corpo magro devido a luta que vinha travando contra o câncer. Fez muita quimioterapia e a quimio mata o câncer mais enfraquece o corpo. Era a luta pela vida física que deve ser feita até o derradeiro momento. Isso é instinto de conservação e já nascemos com esse mecanismo interior e é por isso que ninguém quer “morrer”. É preciso lutar até as últimas forças, pois esse ‘maquinismo’ faz parte de uma das leis de Deus, a lei de conservação.
Mas a imponente mulher não queria ser vista desarrumada.
- Manda eles esperarem um pouquinho que vou me arrumar...
Arrumou-se e entramos.
Olhar sereno, com a altivez dos espíritos nobres.
“Dom Campos” para quebrar a seriedade do momento brincou com seus cabelos:
- Ah! Agora descobri. Pintava os cabelos, né? Não era de verdade, não.
Ela deu aquele sorriso cansado.
Conversamos muito e ela quase sussurrando.
Continuava com aquela energia de sempre, mas o corpo franzino não tinha condições de seguir o espírito forte. Insistiu em ficar sentada na cama, não queria fazer feio com os amigos e precisava falar olhando para seus interlocutores.
Soraia a repreendeu:
-Mas mamãe a senhora não pode fazer esforço.
Teve Jeito não e Soraia a sentou na cama, escorando-a em si.
Conversamos bastante, mesmo que baixinho e rememoramos a sua garra em fazer com que os projetos do Centro Jesus de Nazareth vingassem em companhia do inesquecível Fernão Dias, que lhe sustentava as forças. A evangelização infantil, o Natal Fraterno, a sopa aos necessitados... E todas as outras atividades sociais que estão em pleno vapor em homenagem a esses irmãos valorosos que deram parte de sua vida ao bem comum. É caridade, princípio básico da Doutrina Espírita que nos ensina que não adianta está só rezando e com blás, blás, blás. O importante é fazer o bem e amenizar as dores dos outros nossos irmãos, pois “a fé sem obras é morta”.
Não agüentou ficar por muito tempo sentada. Convencemo-la a deitar-se. Como uma boa mulher, deitou-se.
Não há palavras suficientes para homenagear esse espírito que deu sua contribuição para a nossa Itaporanga. O seu desencarne hoje, dia 07 de outubro, nos deixa entristecidos pela ausência de sua presença física, mas felizes por sermos sabedores que ela foi uma luz que aniquilou as trevas de muita gente. Vai receber o seu galardão, pelo bem que fez e pelo amor que viveu.
Quem deve estar feliz é o seu amado Fernão Dias, que a receberá com a emoção dos amantes, pois o amor verdadeiro não se perde com a morte do corpo físico. A sua Maria, forte, destemida, que não esmorecia, voltou ao plano espiritual, à casa do Pai, para continuar a sua evolução até a plenitude.
O “céu” está em festa!
Até mais Dona Maria.
Logo, logo estaremos nos encontrando, pois o tempo é uma ilusão que engana.
Não tenho a sensibilidade dos poetas, mas vou me atrever a escrever um versinho:
MARIA DE TODOS OS VALORES
Vai, Maria e segue o teu caminho.
É chegado o momento de voltar às paragens espirituais.
É lá que a vida se esmera de forma mais profunda,
É lá que se sentem felizes os que são realmente filhos do Pai.
Maria, mãe de família;
Maria, zelosa, caprichosa e fina mulher.
Maria espírita, trabalhadora incansável,
Desvencilhou-se do corpo dorido, para viver em paz.
Maria que reencontra o amado Fernão,
Maria que agora feliz está.
A morte não é a extinção do espírito
É a liberdade plena, para a verdadeira vida conquistar.
ATÉ MAIS DONA MARIA...
PENSE NISSO! MAS PENSE AGORA.
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