Misericórdia de Ontem, Itaporanga de Hoje II - UM DIA ESPECIAL (Reynollds Augusto ) Nada mais satisfatório do que amanhecer o dia, abrir o computador, e apreciar esse vôo interior do primo Deon,publicado no Itaporanga.net. Você sabe que a melhor viagem do ser humano, a que mais emociona, é aquela que nos permite viajar para dentro e com uma grande vantagem: é de graça. A viagem interior acessa os melhores registros da alma e nessa viagem revemos pessoas, momentos, paisagens, a vida vivida, que o tempo não destrói. São retratos de nossas vidas eternizados no profundo do ser. Com ela, podemos rever os nossos pais, os nossos avós, os nossos amigos, os nossos colegas de escola, a chuva esperançosa que caía. Essa é, sem dúvida, a melhor viagem. Os estudiosos dizem que as boas lembranças alimentam a alma e nada de deixar o indivíduo macambúzio. Eu não experimentei a “velha Misercórdia”, mas os mais experientes têm muitas coisas boas para contar. Seria bom democratizar essas experiências e escrever os registros de cada um, nos murais dos sites de nossa terra. Vai aí o desafio. Conte a sua história. Eu vou contar uma das minhas: Misericórdia de Ontem, Itaporanga de Hoje II Um dia especial (Reynollds Augusto) Na minha infância querida, um registro importante que alimenta a alma são aquelas manhãs de domingo que passávamos no Campestre Clube, agora abandonado pelo tempo, e que dificilmente se reergue para viver a magia dantes vivida. Tudo na vida passa e até a própria vida física se esvai tão rápido, parecendo até que tudo não passou de um sonho. Temos a impressão de que Deus está engendrando uma “pegadinha” conosco. Mas aprendi que cada experiência na carne é um momento de aprendizado nessa vida infinda do espírito, que não se acaba. Vou dar uma notícia boa: Todos nós somos imortais e essa energia de cada um jamais de perde. Tudo que é matéria tem o seu termo, ou melhor, se transforma como disse o cientista. O meu corpo está se despedindo de mim a cada dia, o nosso planeta, o nosso sol, a nossa galáxia e tudo mais. Os espíritos dizem que se tudo acabasse, pela incúria do homem orgulhoso e egoísta, isso não influenciaria em nada o mundo espiritual, que preexiste e sobrevive a tudo. Essa é a boa notícia. Oito horas da manha, lá em casa já está tudo festivo. Hoje é domingo e Papai já está se organizando a meninada para mais uma vez passarmos uma manhã agradável no Campestre Clube de Itaporanga e principalmente porque é dia de carnaval. Ainda vivemos um momento inocente, em que a droga, maligna, ainda não deu as suas caras. Temos o álcool, mas esse nem apelido de droga ainda tem. Estamos na década de oitenta e todos efusivos para ouvir a orquestra do Costa tocar aqueles frevos que estão se perdendo, também. O giro do salão se dava em sentido horário e a sociedade toda estava feliz. Máscaras, pó, maisena, purpurina, confetes e tudo mais. As pessoas se davam as mãos para fazer o giro da emoção e quando a orquestra tocava Vassourinha, era um deus nos acuda. Vejo lá no fundo, no bar, o grande “Manoel do Campestre”. Ele fez, lá fora, e próximo ao parque de diversões, que ainda sobrevive, um banho gostoso que fazia a festa da garotada. No seu bar, aqueles tira-gostos saborosas, que só Fátima sabia fazer. A orquestra cada vez mais animada, Costa, Costinha,bobó, Radegundes, sempre animando as manhãs do sodalício em época de carnaval. À tarde, havia o segundo tempo, no Atlântida esporte Clube e quando chegava o último dia de frevo os foliões saiam pelas ruas da cidade a cantar a alegria por todas as ruas. Eu estou visualizando agora o senhor magro alto, moreno e que tocava um tarol que invejava a qualquer um, e que soube que, também, já havia partido. Bebia muito e quem bebe demais volta mais cedo, pois gasta a energia vital concedida por Deus, para o aprendizado. A minha turma era a de sempre: Veizinho, Damião Guimarães, Laércio (O Capitão), Marcos de Chico Naro, Valmir Júnior, Tonho, Dielson, ladim... e a molecada toda da rua Pedro Américo que eram os instrumentistas das velhas escolas de samba, que também já não existem mais. Caixa de sapato vazia, lata de doce goiabada, lata de óleo, com arroz dentro, tudo idealizado por Damião Guimarães, eram os nossos instrumentos. Fazíamos mais zoada do que outra coisa, mas éramos felizes. Tudo para imitar a escola de samba do cantinho, com Gelmires, Zé Badu, Vando de Dedé, Chico Cabral, Martinho, que fazia a festa da velha Itaporanga. O Então prefeito de Boa Ventura, Antônio Henriques, sempre trazia o seu trator do sítio e todos nós, nas carrocerias puxadas, em numero de três, circulávamos às ruas de Itaporanga, fazendo a festa, com muita alegria e música. A molecada ficava na última carroceria. Itaporanga completa mais um ano, mas jamais sai do coração dos seus filhos; principalmente, pela lembrança dos personagens que fizeram conosco a vida da cidadezinha do interior que emociona o íntimo. Aproveitar o agora é importante. A jóia da vida é o presente, aparentemente concreto que é feito de "agoras" e que logo deixa de existir para continuar a vida nesse tempo, que não existe , no dizer de Einstein, mas que é instrumento para o nosso aperfeiçoamento Agora é hora de lembrar Itaporanga. PENSE NISSO! MAS PENSE AGORA.
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