domingo, 15 de julho de 2012

O PLEITO ELEITORAL DE OUTRORA e o vil metal


Por TITICO PEDRO 

O Governo Militar implantado no Brasil após a deflagração da revolução de 31 de março de 1964, começou com a extinção do pluripartidarismo, impondo apenas dois partidos, um a Aliança Renovadora Nacional (ARENA) era o partido de sustentação do Governo Revolucionário e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) era o partido que lhe fazia oposição.

As regras e costumes aconteceram até o pleito municipal de 1968. De lá pra cá começaram as modificações na legislação eleitoral, ao bel prazer do governo revolucionário militar.

Uma prática usual Brasil afora era a distribuição de almoço no dia da eleição. Itaporanga por não ser diferente também fazia a mesma coisa. Os pontos de distribuição eram bastante conhecidos, entre outros, o casarão do Dr. Balduino, localizado na praça de igual nome, a casa de dona Salomé Pedroza, a casa do Dr. Pitanga, ambas na Praça João Pessoa e outras mais em menor escala. Por volta das 11 horas da manhã em diante só se via forte aglomerado de pessoas em busca da farta alimentação. Havia pessoas tão gulosas que visitavam todas as casas que distribuíam o almoço. Pense numa farra que culminava com fortes desarranjos estomacais. Era o dia em que os desafortunados comiam aqueles pratos recheados de carnes as mais gordurosas possíveis. Ainda bem que não existia o tal diabetes, colesterol, triglicérides, etc. Não, naquela época não existiam os famigerados laboratórios de análises clínicas.

O já mencionado Governo de exceção que havia extinguido os partidos políticos, criando apenas 02, se viu na obrigação de instituir sublegendas aos mesmos, acrescentando, assim, à ARENA, ARENA-1, e ao MDB o MDB-1, a vigorarem já nas eleições de 1972. A ARENA por ser o partido do Governo era o que mais apresentava problemas na acomodação debaixo do seu guarda chuva, tamanha era a diversidade de interesses conflitantes. Essa prática ainda hoje acontece com os partidos que estão no poder, a exceção de alguns municípios como é o caso em Itaporanga, PT da Presidente Dilma e PSB do Governador Ricardo Coutinho, nenhum deles sem participar da chapa majoritária de tão enfraquecidos que são.

No pleito de 1972 dois candidatos da ARENA disputaram o pleito em Itaporanga. Pela ARENA-1, SINVAL PINTO BRANDÃO se lançou candidato a Prefeito e do outro lado o saudoso Dr. JOÃO FRANCO DA COSTA pela ARENA-2.

Eu penso que a partir desse pleito começou a surgir à famigerada compra de consciências, o eleitor começou a se vender, em troca de um valor correspondente a um almoço. O motivo dessa prática abusiva deveu-se a proibição da tradicional comilança do gorduroso boi que era abatido em grande escala.

Foi a partir daquela eleição que o candidato Sinval Pinto começou a distribuir cédulas de CR$100,00 (cem cruzeiros) equivalente hoje a R$ 20,00. Na mesma proporção o outro candidato da ARENA-2 também fazia, em menor escala. Essa maneira de angariar a simpatia do eleitor ainda hoje, lamentavelmente, acontece e como acontece. É um verdadeiro leilão, é o famoso quem der mais que prevalece nos dias atuais.

A campanha foi bastante acirrada. O slogan da campanha do Dr. João Franco, ARENA-2, era “Ferre o boi e vote em mim”, do outro lado me recordo da marchinha parodiada pelo Dr. Anchieta Ribeiro: ‘Sinval é homem que não gosta de conversa/ Não faz promessa e nem também come capim/ . . . Enquanto que o adversário não conversa com o vigário e é abençoado por ..im”.

O candidato escolhido para companheiro de chapa de Sinval foi o agropecuarista e sanfoneiro de primeira linha, Severino Soares de Araújo, o Biu de Dedé que fora impedido de continuar na chapa por ser filiado ao MDB e não ter se desligado na época certa, e assim fora escolhido de última hora em sua substituição o ex-prefeito José Barros Sobrinho, Tabelião Público do 1º ofício cartorial, o pai do Dr. Marleno, e do Ven.’. Mestre Alberto Barros.

A época o único meio de comunicação em Itaporanga era a difusora do saudoso Ademar Augusto. A liberdade era tanta que todas as noites Ademar Augusto, geralmente as 21 horas, ligava sua difusora com a música “O pinto piou . . .” não me recordo o autor e em caráter de notícia extraordinária anunciava adesões conquistadas para o candidato da ARENA-1, Sinval Pinto.

Passada a refrega do pleito, apurada a votação deu como resultado a vitória de Sinval Pinto Brandão que administrou Itaporanga entre os idos de janeiro/73 a janeiro/77.

A administração Sinval Pinto enfrentou uma forte oposição do candidato derrotado Dr. João Franco da Costa.

Me recordo que no governo Sinval Pinto foi lançado o 1º FESTIVAL DA MÚSICA POPULAR e o nosso Newton Mendes foi o vitorioso com a música ROTINA DIFÍCIL. Foi nesse governo que a primeira dama, saudosa Quesa Pinto, organizou uma exposição de utensílios e fotografias dos nossos antepassados.

Muito bonito o museu exposto, pena ter tido uma única apresentação. Naquela semana de cultura foram homenageados na praça João Pessoa o itaporanguense nato, o Dr. Praxedes Pitanga e o naturalizado, nascido ao acaso, jornalista José Souto, de saudosa memória que vem a ser o pai do procurador do Estado, Dr. Paulo Souto responsável pela entrega do título de domínio do terreno doado ao IFPB para construção do Campus em Itaporanga.

O Prefeito Sinval Pinto praticou um ato insano na sua administração que foi a demolição do mercado público construído por Dr. Pitanga. Ainda hoje o prédio demolido estaria servindo ao comércio local sem a necessidade de nenhuma venda na sua parte externa. Há quem diga que Sinval copiou com esse ato a loucura do então Prefeito de João Pessoa, o ex-governador Dorgival Terceiro Neto que quase derrubou o Mercado Central que ainda hoje serve a nossa Capital.

Pois bem, a partir do pleito de 1972 o vil metal passou a funcionar e a cada eleição ganha maior proporção para tristeza da democracia.

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