No momento em que o historiador Eric Hobsbawm se despede deste mundo, vemos com clareza a renitência do século 20, que ele tão bem interpretou e resumiu. Tem sido difícil a evolução: o velho mundo afunda na crise longamente amadurecida e os "emergentes" parecem ansiosos por repetir velhos erros.
No Brasil, ainda não morreu a esperança da sustentabilidade, que o sábio historiador viu como a utopia que restava no fim do século. Mas está ferida pela tratorada ruralista (com patrocínio do governo) na legislação ambiental. No centro do retrocesso, uma ideia de política que consagra o oportunismo e a acomodação aos interesses oligárquicos.
Fazemos, por esses dias, um pouco de silêncio. O tenso silêncio que antecede a eleição. Apesar dos limites da democracia representativa, das marcas deixadas por 20 anos de ditadura e das mazelas do sistema partidário, o silêncio nos induz a meditar sobre o valor da liberdade que conquistamos e sobre a responsabilidade que temos.
Na lenta evolução de nossa frágil democracia, tivemos mais prejuízo que vantagens quando aprovamos a reeleição, que tem se revelado propiciadora de vícios diversos nos interessados em manter-se nos seus cargos a qualquer custo.
Quando o povo não se organiza em torno de um projeto nem se deixa conduzir por uma força única, quando a propaganda dos diversos não produz um consenso mínimo.
Mas é preciso que a população esteja, de fato, investida na construção dessas alternativas. Onde se produz um consenso apressado, com base na desinformação e no embevecimento com a propaganda, reduz-se o espaço para o crescimento e atrasa-se a democracia do século 21.
Em lugar da ilusão com a velha promessa de um destino completamente novo e seguro, feita pelos que ambicionam ser eles próprios o porto seguro, fazendo do eleitor um mero espectador da política, tem de surgir o cidadão autor/protagonista, envolvido com a construção de um o mundo melhor para si e para os que virão.



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