quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A andropausa

A notícia de que estou entrando na idade da andropausa me foi dada por Dudu, o arquiteto de Roberto Santiago e meu companheiro de sextas no Bar de João, quase sexagenário feito eu e, diga-se, bem conservado para integrar um time tão maduro. Mas os sintomas ditos por ele bateram com os meus, de modo que só me restou o recurso de aceitar a realidade inglória.

- Ora, meu chapa, a primeira sensação da andropausa é você passar de 15 dias a um mês sem " vadiar" e não sentir falta -, disse-me ele, com a maior naturalidade do mundo. Mas advertiu, para evitar meu desespero: - Isso não quer dizer que, se você for insultado, não terá como reagir. Trata-se mais de fastio do que falta de disposição.

E eu me incorporo as razões do amigo Dudu. Se andropausa alcança quem chega aos 60, isso não quer dizer que os atingidos perderam o fogo da ama. Que o digam os exemplos locais e nacionais, a começar pelo ilustre don juan da Paraíba, Celinho de Paci, que é doido por mulher. Quengou com as civis e agora agarra as de farda, capitãs, tenentes e meganhas, para mostrar que com ele tanto faz dar beijinhos como prestar continência, porque o válido mesmo é o moído entre as quatro paredes, o gemido sem dor e o fungado no cangote.

Temos, aqui na Paraíba, um time de primeira, todo formado por gente de 50, 60 e 70, com capacidade até mesmo para dar lições de tesão a jovens dos dias de hoje que não sabem mais elevar a mulher ao encanto dos céus. Os nomes manterei em sigilo, até porque todos são bem casados e as mulheres ciumentas.

Consola-me, isso. Mas não nego que começo a sentir saudades de um tempo que a página do calendário escondeu. Foi naquela noite da inauguração do cinema de Princesa, eu deslumbrado feito matuto quando vê avião, sentado no banco ao lado de Marina, menina bonita, sonsa e fogosa da Rua do Cancão, os dois olhando para a tela, até que ela, num gesto desprendido, colocou a mão sobre a minha perna. Fiquei gelado. E debaixo do gelo, galopei por todos os poros. E aí chegou a coragem para colocar a minha mão na sua coxa. Foram somente 30 minutos, com a mão parada, sem mover um dedo, segurando aquele pedaço de coxa liso e roliço. Mas que me valeram um ano inteiro de pecados escondidos nos monturos, no banheiro, debaixo dos lençóis.

Vou parar de me lembrar para que não surja alguém dizendo que isso é conversa de velho. Até porque não terei o menor acanhamento de, ao me deparar com alguma oferecida, dar um tapa na testa da perseguida e gritar bem alto: "Já fui bom nisso!"
Blog do Tião

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