quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Misericórdia de Ontem, Itaporanga de Hoje III – Dia de “Padim Cícero”


Misericórdia de Ontem, Itaporanga de Hoje III – Dia de “Padim Cícero”

Aproximava-se mais um dia 20 e esse  sempre foi  um dia especial para Itaporanga. Os jovens dessa época, notadamente nos anos 80, ficavam ansiosos para que a festividade, que comemora o dia do “meu Padim Padim Ciço, chegasse logo. O momento era diferente e caravanas de várias cidades e sítios enchiam a Rainha do Vale. Pela cidade circulava a velha bandinha de Pífano, com seus acordes regionais a cantar as músicas da romaria. Costumava segui-la pelas ruas da cidade. Zabumba, pífano, triangulo e voz sertaneja cantavam as músicas próprias da festividade.
- Minha Santa beata mocinha/ eu vim aqui visitar meu “padinho”/ meu “padinho” fez uma viagem e deixou juazeiro sozinho”...
Mas, o mais bonito mesmo era ver a “giranda” de fogos que iluminava o céu de nossa Rainha. Era um espetáculo à parte e o momento avisava que a grande procissão, com milhares de pessoas, ia começar. O idealizador de tudo era João dos Retalhos, que já partiu para a pátria espiritual e depois dele o brilho ficou empanado. A multidão de idosos, jovens e crianças seguindo os andores, que levavam as imagens do Padre Cícero Romão e de Nossa Senhora. Era um momento de fé dos profitentes, que se tornava um dia diferente para Itaporanga.
A molecada da Rua Pedro Américo se encontrava na esquina do comércio de Gilclean, que também já partiu para a pátria espiritual. O prédio tem uma proteção que nos dava segurança, quando o fogueteiro acionava o mecanismo para que os fogos, centenas , subissem aos céus e permitissem que contemplássemos aquelas lágrimas de fogos, com estouros que doíam os ouvidos.
Quando o mecanismo era acionado, no antigo terreno baldio, que hoje está o comércio que vai do Nordestão à outra esquina, um frio na barriga surgia nos moleques concentrados. Um clarão vazava a escuridão. Logo que os fogos subiam, poucos segundos depois, caiam às centenas, como “estrelas cadentes. Ganhava o jogo os moleques que mais conseguissem juntar os restos dos fogos que caíam “do céu”, ao longo das ruas vizinhas ao terreno Baldio. Era a festa da molecada. O dia 20 se tornava um dia mágico para todos nós.
Mas,  festa mesmo era a que acontecia depois da procissão. O comércio lucrava muito com a tradição que está se acabando, paulatinamente. O Atlântida realizava festas com as bandas locais e todos varavam a noite, dançando, paquerando, namorando até o sol nascer. O ritmo do momento era a lambada, que balançava o quadril  da mulherada nos dias “vinte” de Itaporanga.
VIVA MEU “PADIM CIÇO” ! ( Bradavam)
Um momento que ficou no éter na existência e  está preso ao subjetivismo de cada um, rumo à vida que não cessa.
PENSE NISSO! MAS PENSE AGORA.

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