Por João Dehon Fonseca em 31/1/2009
Aproveito a deixa do Eneas para publicar um poema que fiz, enquanto inspecionava o Lixão de Campina Grande em abril de 2005.
FLOR DO LIXO.
João Dehon Fonseca

Jovem, com apenas treze anos,
Fugindo da vida, ocultando seus planos
Vi cantando lixo, bem maltratada,
Somando desgostos e colhendo danos
Talvez até, revoltada com o mundo,
Mas dentro da alma, bem no fundo,
Parecia alegre diante da vida,
Pois alimentava sua família sofrida;
Colhendo o pão do lixo imundo.
Olhei seu semblante e fiquei orgulhoso,
A jovem menina não chorava, ela ria,
Aquele suor do pão de cada dia,
Descia na face daquele rosto oleoso,
E ela vibrava, enquanto o saco enchia.
A cada caminhão, seu olhar mais fixo,
Misturando-se, com gente e com bicho,
Perguntei-lhe se gostava daquela vida.
Para mim não tem outra saída,
Respondeu-me bem sincera a Flor do Lixo.
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