quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Julgamento


Reynollds Augusto



Eu sempre defendi que o julgamento só deve ser exercido terminantemente pelo o agente credenciado pela lei, o juiz natural. Essa é uma questão de cunho social e é próprio dos Estados de Direito, como o nosso. E defendo essa tese porque toda vez que qualquer pessoa- devido ao estado atrasado das almas que habitam esse planeta- pretende fazê-lo, sempre procede com um julgamento que se caracteriza pela impiedade e pela precipitação. Então deixemos os julgamentos por conta dos juízes...
A pena de Marcos no Cap VII, v.5 do Evangelho, assevera que Jesus certa feita falou algo com muita propriedade: “Hipócritas, tirai primeiro a trave do vosso olho e depois, então, vede como podereis tirar o argueiro do olho do vosso irmão”.
Jesus foi e é um sábio, porque sabia que sempre que julgamos os outros realizamos inconsciente a projeção da sombra que existe em nós e dessa forma julgamos imperfeitamente, injustamente. Quase sempre medimos perversamente a conduta do outrem e geralmente fora da ética, justiça e dignidade e é por isso que essa questão é de suma importância. Se tivermos de julgar alguém, julguemos a nós próprios, com impiedade, pois dessa forma poderemos nos transformar e resignificar a vida, redirecionando caminhos. Tirar antes a trave dos nossos olhos é a melhor atitude para termos alcance moral para nos referirmos aos outros.
Santo Agostinho, um dos pais da nossa querida Igreja Católica e um dos espíritos responsáveis pela Codificação Espírita, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” certa feita por ocasião da feitura desse livro disse que a melhor maneira de se saber se estamos melhorando é fazer o que ele fazia quando estava aqui na Terra encarnado. Dizia ele que todas as noites antes de dormir passava em revista o que tinha feito durante o dia. Se não havia machucado alguém, se alguém não tinha sido ferido por algo que ele fizera ou dissera e assim de reflexão em reflexão ia remontando o acontecido e no outro dia procurava desfazer o mal praticado. Assim ele começou a se melhorar e a praticar realmente os ensinos de Jesus, deixando de blá,blá,blás.
E quem não se lembra da mulher adúltera que estava para ser julgada e condenada em praça pública por ter cometido adultério? Coitada! estava para ser assassinada pelo ato praticado. A mulher que sempre fora fragilizada e submetida à autoridade dos homens machistas. O homem, esse não, safado, traidor, adúltero, nunca podia ser apedrejado, só a coitada da mulher,
Os puritanos que diziam seguir as Leis Mosaicas, no momento do julgamento queriam colocar Jesus numa situação extrema e perguntaram a ele se era justo aquela mulher ser apedrejada porque cometeu adultério, como defendia Moisés, como dizia a lei (Mosaica). Era uma armadilha, porque se Jesus dissesse que não, estaria infringindo a Torá e aí seria ele que morreria, por blasfêmia. Como ele era o psicólogo das almas, ficou calmo e dizem os escritores que ficou riscando o chão, quando afirmou: “Atire a primeira pedra aquele que não tiver pecado”. Todos abandonaram o apedrejamento e saíram um a um. Não tinham tirado a trave do olho. Um era ladrão, outro facínoras, outro cruel, outro...
Sempre existiu e existirá o justiçador dos outros, o vigia dos deslizes das demais pessoas. Poucos são aqueles que procuram se conhecer a si mesmo, como já dizia o filósofo grego Sócrates, para transformar-se em busca do homem novo. Poucos são aqueles que ajudam ou auxiliam para mudar esses estados de coisa. Muitos são os que apenas criticam e só criticam.
Infelizmente, alguns setores da sociedade ainda permanecem com essa conduta soez e eu vejo isso muito disso, pasmem, nos grupamentos religiosos. Também nas críticas desconstrutivas dos televisivos que só apontam o lado podre dessa sociedade, que tem tanta coisa boa para mostra. Tem televisivo que se você “espremer” a televisão, sai sangue. Têm aqueles que ficam esperando o próximo desastre acontecer para ficar horas e horas relembrando à sociedade a “importância” dos dramas humanos.
Há repórteres que são detalhistas e hábeis na faculdade de confundir a opinião pública, a mentira se transforma pouco a pouco em a verdade. Na faculdade discutimos o tema constituição é mídia e concluímos que um país dessa dimensão não pode ficar sem informação, que além de ser um preceito constitucional, serve para integrar esse país de dimensão continental. Mas o estado precisa desenvolver melhor mecanismos legais para coibir os abusos.
Jesus sabia examinar sem julgar e como conseqüência viveu sempre feliz. A sua doutrina é um poema de alegria, de libertação de conflitos. Ele sabia como desmascarar a hipocrisia e foi duro com esses hipócritas, raça que sobreviveu ao longo dos tempos. Seu julgamento não condenava, mas ensinava a reabilitação.
Não há dúvidas que o farisaísmo ainda permanece nos relacionamentos humanos e com máscaras cada vez mais novas. Está na profissão, entre os pseudo-amigos, no clube, na igreja. Ainda permeia o espaço daqueles que tentam construir uma nova sociedade para o mundo melhor do futuro. O farisaísmo se encontra com mais evidência no meio político e isso ainda vai trazer muita dor ao cidadão, mas o tempo é inexorável e os fariseus na atualidade estão como nós, na contagem regressiva e como toda atitude errada causa punição reabilitadora, esses não fugiram da sanção sentenciada por Deus. A morte é a sentença final, a vida é o processo, a prova é a consciência e a sanção é a reencarnação e como disse Jesus: “não sairás daí enquanto não pagares o último ceitil”.

Sejamos julgadores de nós próprios e mudemos de direção enquanto há tempo,

PENSE NISSO! MAS PENSE AGORA.

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