PENSE DIREIO I
A NECESSIDADE DA PENA
Na minha infância querida, as nossas mães precisavam desenvolver técnicas próprias de educação para “aprumar” o nosso proceder. A surra era uma delas. Os corretivos eram necessários, pois a molecada da eterna Rua Pedro Américo, hoje Soares Madruga, desafiava a razão e fazia coisa que nem Deus acreditava. As coitadas das mães não podiam usar de outro mecanismo e as formas de castigo eram cada vez mais aperfeiçoadas. Hoje uma “peinha” um pouco mais convincente, pode lhe render uns dias de cadeia e talvez seja por isso que as nossas crianças estejam mais desafiadoras e menos responsáveis. Mas tudo evolui para o acerto e as peias de ontem eram mais educativas e as de hoje, em muitas vezes, é um descarga inconsciente dos pais perturbados que a transformam em espaçamento e o legislador, que não é besta, viu que os eles estavam exagerando na dose e maltratando os filhos.
A minha mãe, Nizeuda Augusto, usava um instrumento convincente, que não dava para contrariar. Ela que exercia os três poderes dentro do lar, institui a pena do “Fio de Cadeira”. Esse, meus amigos, não só fazia o corpo sofrer, mas também a alma, corrigindo qualquer distorção de personalidade. E ainda causava um efeito psicológico fora do comum, pois ela colocava os “bichinhos” pendurados no armador central da porta de entrada e com isso descobrira que “fio de cadeira de balanços” também “falava”. E aquele me dizia para agir bem quando saísse à rua, senão ele seria usado. Eu via quase o fio dando aquele risinho sarcástico.
O grande Blaise Pascal já disse que “A Justiça sem a força é impotente e a força sem justiça é tirania”. Sábias palavras.
É tradicional a entrega de prêmios, pela sociedade, aos seus filhos que fazem o bem ou que se destacam. Os artistas recebem Oscar; os sacerdotes viram santos; é homenageado o bom aluno e por aí vai. São prêmios para estimular os outros elementos da sociedade a sempre fazerem o que é certo. É um mecanismo de recompensa.
O fato é como somos um planeta de “provas e expiação” e aqui moram espíritos recalcitrantes. O Estado precisa ter o seu “Fio de Cadeira”, senão a coisa desanda e o desequilíbrio corre à solta. Essa semana nós vimos nos televisivos uma “quadrilha” familiar com pai, mãe e filhos, desviando dinheiro público, na cidade de Limeira-Sp. O gestor e a sua trupe, à primeira vista, estavam enriquecendo-se ilicitamente.
Eu fico com o pé atrás quando a imprensa noticia alguma coisa, pois ela já condena de logo o futuro réu, que ás vezes é plenamente inocente, já ficando crucificado e no mais das vezes, quando a investigação se aprofunda, descobre-se que o mesmo não tinha “culpa no cartório”. Aí, leitores, já foi e a lesão moral já aconteceu e não tem juiz no mundo que consiga restabelecer plenamente o estado anterior. Mesmo a vítima recebendo “alguns trocados” não cura a ferida ocasionada pela versão irresponsável dos noticiosos.
Existe uma lei maior, natural, que abarca a todos indistintamente e ela se chama “lei de causa e efeito”, que também é um axioma humano, ou seja, “a cada um segundo suas obras”. Partindo do princípio que o nada não cria nada, porque o nada não existe e que a vida inteligente é criação de um ser inteligentíssimo, concluímos que a existência tem uma diretiva fatal, que é a evolução. Nós fomos criados para evoluir e tudo é conquista e conseqüência e nada é graça ou privilégio. Uma boa parte dos religiosos, que não concordo, chama isso de “salvação. Os espíritas chamam mais judiciosamente de evolução que é uma das forças da lei do progresso.
Ainda é preciso punir os criminosos para que sirva de exemplo para os potenciais criminosos do futuro. Se o estado afrouxa, a vida em comunidade corre solta e sem equilíbrio. Saímos da Pena de Talião, o chamado “olho por olho e dente por dente”. A pena de morte também foi erradicada em alguns países, pois é provado que não resolve o problema. O Estado humanizou as penas, pois ela deve ter um caráter reeducativo, possibilitando que o criminoso volte à sociedade como uma pessoa honesta e útil. Nada de vingança institucional. Criaram-se as penas alternativas como a prestação de serviço à comunidade e também a reparação do dano.
Chegará um tempo que não precisará haver mais penas, devido ao alto grau de compreensão dos moradores do Planeta sobre o objetivo maior da vida. Nessa fase já teremos combatido o orgulho e o egoísmo, as grandes chagas da humanidade e o bem será regra e não exceção.
PENSE NISSO! MAS PENSE DIREITO.
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