Premida por Lula, Dilma Rousseff aceitou escalar o palanque do PT de São Paulo. Nesta segunda-feira (1o), parcipará de um comício na Zona Leste da capital paulista. No oficial, dará uma mãozinha a Fernando Haddad. No paralelo, socorrerá Lula, o padrinho do candidato.
Dilma não cogitava envolver-se na disputa nessa fase. Comprometera-se com o PMDB de Gabriel Chalita a não dar as caras em São Paulo senão no segundo turno. O petismo imaginara que conseguiria respeitar a vontade e os compromisssos da presidente. Não deu.
No início da campanha, dera-se de barato que o prestígio de Lula seria suficiente para levar Haddad ao segundo round. Nessa época, o próprio Lula dizia que repetiria em 2012 a fórmula do “nós contra eles” que colocara em prática na sucessão presidencial de 2010.
De um lado, José Serra e tudo o que o tucanato representa. Do outro, um Fernando Haddad carregado por Lula viraria uma versão masculina da própria Dilma. Deu errado. O fenômeno Celso Russomanno (PRB) imiscui-se na estratégia, conspurcando-a.
Haddad sobe nas pesquisas em ritmo mais lento do que Lula e o PT imaginaram. A nove dias da eleição, mede forças com Serra pela vaga no segundo turno. No Datafolha desta quinta (27), o petista subiu três pontos, batendo em 18%. O tucano oscilou um ponto para o alto, cravando 22%.
Está entendido que Haddad precisa de uma vitamina adicional para converter a ascenção na ultrapassagem que o conduziria a uma dura disputa final contra Russomanno. Lula não foi capaz de prover sozinho o tônico.
Nesse contexto, Dilma vai a São Paulo com uma aparência de cavalaria de filme americano. Leva atrás de si as taxas que o Ibope acaba de lhe atribuir: o governo dela é aprovado por 62% dos brasileiros. Sua aprovação pessoal é de 72%. Declaram confiar na presidente 73% dos brasileiros.
Dilma chega a São Paulo antes do previsto menos por Haddad e mais por Lula. Ficaria mal na foto se não pagasse na eleição municipal paulistana parte de sua dívida de gratidão com Lula, o antecessor que a fez presidente da República.
Lula se deu conta de que não será tão simples realizar os sonhos que esboçara para São Paulo. Tenta ao menos evitar a realização de seus pesadelos. Não fazer de Haddad o próximo prefeito será ruim. Permitir que ele morra na praia do primeiro turno será muito pior. É nesse contexto que Dilma virou tábua de salvação.
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