Andando pela zona rural da região do Vale do Piancó, ouço os clamores pungentes dos sofridos sertanejos. Já não suporto ver tanto sofrimento. Confesso que nunca vi, na minha vida de sertanejo, de padre, tanto sofrimento, tanto desespero, tanta dor. E o que ouço, digo com muita honestidade, é de cortar coração.
Citarei as palavras clamorosas dos meus irmãos agricultores do Vale do Piancó:
-Padre Djacy,aqui está um Deus nos acuda,estamos desesperados.
-Padre, nada de socorro por parte dos governantes, os grandes esqueceram de nós.
-Padre, nada de feira, de poços,de açudes, para nossas comunidades.
-Padre Djacy,nas secas dos anos passados,o governo nos socorria com feira,construção de açudes,barragens,poços,nesta seca está tudo ao contrário.
-Meu Deus, nosso gado está morrendo de fome e sede. Padre,quando eu olho para o meu gadinho magro ,passando fome, começo a chorar, a ficar desesperado.
-Meu amigo padre Djacy,é triste a gente vê o gado morrendo de fome e sede.
-Seu padre, eu ando três léguas para apanhar água para beber e cozinhar
Aqui não tem água, padre. Aqui a gente se vira como pode. Eita sofrimento, meu Deus!
-Eu vou dizer uma coisa, se não chover para o ano, eu e minha família vamos embora para São Paulo.
-Cadê o governo. Cadê, padre, o governo que não olha para nós?
-Aqui em casa, é um clamor sem água
-Padre, me dê uma feira, lá em casa não tem nada.
-Seu padre, ainda bem que a gente tem o bolsa família, mas não dá para nada.
-Tem gente que diz que já temos tudo com essas bolsas do governo. Ah, esse dinheiro do governo que a gente recebe não dá para nada.
-Eu estou revoltado, com vontade de sumir do mapa.
Na condição de cidadão, de sertanejo e padre, faço ao governo do Estado este veemente apelo:
1-Pelo o amor de Deus, socorra esses pobres sertanejos, com feiras, construções de poços artesianos, açudes, barragens etc.
2-Seu governador, cadê as ações de combate aos efeitos da seca?
3-Por que tanta demora em socorrer os sertanejos do Vale do Piancó, vítimas da seca?
4-Seu governador, será que as vítimas da seca, que moram no Vale do Piacó, não são paraibanos?
5-O senhor me conhece, sabe da minha seriedade. Não estou fazendo sensacionalismo. Tudo o que tenho dito, até agora, trata-se da mais pura verdade, pois eu convivo todos os dias com esses filhos sofridos de Deus, que pedem clemência.
6-Seu governador, desculpe-me o desabafo. Só quero, na condição de pastor, dar uma palavra pelos meus irmãos sertanejos. Só isso. Aliás, seu governador, enquanto estou digitando estes dramáticos apelos, meus olhos são banhados pelas lágrimas. Lágrimas de dor, de indignação, de tristeza.
Padre Djacy Brasileiro, em 25 de setembro de 2012.
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