Quem pensou que o Tribunal de Contas passaria a régua nas contas da Casa Civil do Governo do Estado, enganou-se redondamente. O governo fez cabelo, barba e bigode.
Primeiro foi armado um circo para demonstrar que a imoralidade na compra de 17 toneladas de lagosta, camarão, carne de primeira, berço para criança, 460 latas de farinha láctea em menos de trinta dias, para servir a residência oficial do governador estava viciada. Varias e gritantes irregularidades foram encontradas pelo relator da matéria a ponto de o placar na primeira votação expressar forte dosagem de rejeição das contas conforme votos de quatro conselheiros baseados exclusivamente nas provas dos autos.
Até então não havia pressão.
Na votação seguinte a mudança dos votos demonstrou claramente a interferência da máquina governamental e o medo de desagradar o chefe. Como bem externei na matéria da semana passada, prevendo que tudo terminaria em pizza, terminou num grande ensopado de lagosta.
E se esse escândalo de nível nacional fosse praticado por um prefeito de uma pequena cidade? Ai caro leitor o estrago na administração e na vida pessoal do gestor seria inominável, pois esse Tribunal de Contas, ou faz de contas, só fiscaliza os pequenos e pobres municípios. Os grandes fazem e desfazem. O Governo do Estado não é bom nem falar, tem o controle absoluto.
Como o governante estadual beira a tirania, ninguém, absolutamente ninguém se atreve a atravessar na sua frente. Isso vale para qualquer dos poderes constituídos, órgãos como Ministério Público e TCE incluídos. Certamente o governador Ricardo Coutinho, ao final de sua gestão, lançará sua biografia, e nela constará que emparedou a todos sem medo. Poderes e pessoas. Não respeitou as leis. Tolheu diretos assegurados. Rasgou sentenças transitadas em julgado. Queimou a Constituição. Fez e aconteceu sem que nenhum dos mortais com poder de mando tivesse a ousadia de repreendê-lo, e nós que modestamente operamos o direito, ficamos tristes por não termos a quem recorrer, reclamar, reivindicar ou peticionar.
É triste, mas é verdade!
Com esse malfadado parecer, o Tribunal de Contas do Estado deu seu último suspiro agonizante enquanto órgão de controle de contas. Morreu falando sem que a sociedade entendesse já que moribundo vinha há muito tempo. Espaço para o velório não faltará. Os salões oficiais são enormes. Faltará, no entanto, pessoas do povo para lamentar essa perda, despercebida pela sociedade organizada, mas de grande valia para o Governador Ricardo Vieira Coutinho.
Sinais do fim dos tempos!
Blog do Dercio
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