Nada mais belo do que a esperança. Em todas as culturas, das mais diversas formas, o ciclo de um novo ano traz o frescor da possibilidade e anseio por um novo começo sempre é algo profundamente delicado e belo no coração humano. Mas, por que muitos fracassam, ano após ano, no objetivo de alcançar seus sonhos? É bom que fique claro que o fracasso não ocorre devido à falta de desejo de uma vida melhor, é apenas uma consequência de algo esquecido quando planejamos. Mudanças são difíceis, pois nossos hábitos se tornam enraizados e automáticos; alterá-los requer, portando, um esforço constante.
Quando consideramos quaisquer hábitos ou comportamento indesejáveis que pretendemos mudar em nossas vidas, há duas perguntas que devemos nos fazer antes de tudo: Primeiro, por que queremos alcançar tal objetivo? Ser mais feliz, mais realizado, ter maior bem estar? Segundo, o que nos impede de desenvolver essa capacidade?
As duas perguntas são importantes, mas as respostas dadas à segunda guardam o segredo do sucesso ou do fracasso. Duas coisas classicamente nos impedem de alcançar o que desejamos: uma é o medo e a outra é a fantasia.
Vamos falar primeiro dos nossos medos. Eles se manifestam como consequência dos erros do passado, mágoas, decepções, expectativas não cumpridas, sendo que eventos reverberam, ecoam por assim dizer, em nossos medos mais profundos, que são: medo de rejeição, abandono ou inadequação. Para superá-los, é fundamental perdoar as próprias falhas e a dos outros. Mas, como fazer isso?
Afinal, perdoar ou perdoar-se não é uma tarefa fácil.emocionais, apesar de toda a angústia que trazem, não são uma ameaça cabal em nossa vida atual. Quando bebês, nosso ser necessitava de amor muito mais do que atualmente, de modo que, embora possa soar estranho ou perturbador para você o que vou dizer agora, quando alguém que você estima se torna ameaçador, crítico contumaz ou indiferente, lembre-se que você não é mais vulnerável como uma criança, e que mesmo que toda uma sociedade queira apagá-lo, você pode, por escolha, resistir. Veja o caso de Nelson Mandela e de tantos jovens pobres e negros que nas periferias sociais e existências da vida, vivenciam preconceitos e indiferenças e dão como resposta à vida, a vitória pessoal.
Vamos falar agora das fantasias que nos impedem de alcançar nossas metas. O processo de conquistar novos hábitos e competências não é belo, romântico ou prazeroso, muito pelo contrário. Na verdade, pode ser bastante difícil e tedioso. Alcançar seus objetivos e ter prazer e diversão são duas coisas diferentes. Seria muito bom se pudéssemos conciliar objetivos com prazer, mas o prazer não vem do processo, vem do resultado final obtido por ele. Um atleta que está treinado para vencer uma competição o faz em silêncio, com repetição e, muitas vezes, tédio. Ninguém está vendo seu esforço, seu suor, suas dores, mas quando ele vence tudo isso fica evidente e todos, sobretudo ele, comemora o resultado venturoso que foi desencadeado pela disciplina anterior, afinal na vida nada é de repente, tudo acontece no acúmulo das forças.
Outra fantasia é achar que podemos, ao apagar das luzes de ano velho, com uma simples lista de resoluções pessoais, mudar nossas vidas. Vamos diferenciar resoluções de ano novo de metas. Mas, qual é a diferença? Resoluções geralmente referem-se a mudanças de atitude do tipo: “De agora em diante, eu não vou mais ... fumar, beber, comer muito, comprar muito”, ou “de agora em diante eu vou: estudar mais, falar menos, trabalhar mais”. O problema com esta proposta pessoal é que depois de um ou dois deslizes, nos sentimos incompetentes e fracassados e tendemos a voltar ao padrão de comportamento passado, nos dizendo interiormente: “eu sabia que não iria conseguir”, ou “nada dá certo na minha vida”. Com as metas, conseguimos algo sensivelmente diferente. Ao estabelecer metas visamos trabalhar dia-a-dia em direção ao comportamento que desejamos desenvolver. Por isso mesmo não iremos esperar que tudo saia perfeito no início, mas ficaremos satisfeitos com todo o progresso que alcançarmos. Ao invés de fantasiarmos a perfeição e a mudança repentina, feita por uma simples promessa pessoal de fim de ano, nos permitimos construir novos hábitos, com idas e vindas, até que ele se consolide e nos orgulharemos de cada pequeno avanço obtido.
Portanto, se você deseja algo real para o ano que se inicia, deixe de fantasiar. Não é pulando ondas, colocando sementes de uva no bolso, usando uma roupa íntima vermelha, comendo lentilha e todas as demais superstições infantis, que farão por você algo que só você pode fazer. Se você quer sucesso não pule ondas, pule obstáculos que você mesmo colocou em sua vida e trace metas para alcançá-lo. Se quiser uma vida amorosa mais feliz, não use uma calcinha ou cueca vermelha, deixe de esperar que o outro lhe ame, lhe dê atenção, lhe “procure”, corra atrás, dê em cima, mostre afeto, desejo, interesse, e se depois de tudo isso a pessoa não corresponder às suas expectativas, corra para bem longe de quem não quer lhe amar, mas não deixe de se amar. Aliás, ao fim e ao cabo, a maior meta que podemos alcançar, a qual nos permitirá alcançar todas as outras, é amar-se. Reside aí a força motriz de toda a mudança, de a toda competência, de todo o sucesso: Amar tudo e a todos, como a si mesmo... Deixo um mantra para 2014: “eu me amo, não posso mais viver sem mim”.
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