Sam Alves e sua versão bilíngue de “Hallelujah” – Fotos The Voice Brasil/TV Globo |
Sam Alves é a vitória do “complexo de vira-latas”, cravou um tuite que pipocou instantes depois do resultado de The Voice Brasil. A cantora Zélia Duncan fez troça: “A real Brazilian Singer sings in English, right? Rs good luck, Sam.” Também no Twitter, o publicitário Michel Lent, da agência Pereira & O’Dell Brasil, criticou: “Rejeitado nos The VoiceEUA, recauchutado no @TheVoiceBrasil.” O jornalista Artur Xexéo foi mais longe: “Na minha humilde opinião, Sam Alves era o pior dos quatro.”
O escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues cunhou a expressão “complexo de vira-latas” para falar do trauma dos brasileiros com a derrota na Copa de 1950, mas que se espraiou para muito além do gramado do Maracanã. “Por ‘complexo de vira-lata’ entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo”, escreveu. Algumas das reações pouco amistosas sobre o vitorioso, Sam Alves, e o programa, The Voice Brasil, seguiram nessa linha.
Nascido em Fortaleza, Sam Alves, de 24 anos, cresceu e mora até hoje nos Estados Unidos. Foi lá que ele foi eliminado da versão americana, em que nenhum dos técnicos, Adam Levine, Blake Shelton, Usher e Shakira, viraram a cadeira. No Brasil, viraram os quatro jurados, Claudia Leitte, Carlinhos Brown, Daniel e Lulu Santos. Na ocasião, a escolha da cantora baiana para ser sua treinadora provou-se acertada. Sam Alves contou com a generosidade dela na apresentação da grande final.
No número solo, o primeiro da noite, Sam Alves primeiro cantou “Hallelujah”, de Leonard Cohen, em duas partes, a primeira numa tropega versão em português e a outra com a letra em inglês no estilo gospel. O site da revista Veja, ao anunciar que não havia “surpresas” na vitória de Sam Alves, disse que “Aleluia” é “uma das canções mais comuns em cultos nos Estados Unidos – e, não por coincidência cantada também este ano por um dos candidados (sic) do The Voice USA”. Tsc, tsc, tsc.
Sam Alves teve 43% dos 29 milhões de votos do público, num processo de votação em que não se fala de auditoria. Leva para casa um carro e uma poupança de 500 mil reais, além de assinar um contrato com a gravadora Universal Music. Para comemorar a vitória, ele cantou “When I Was Your Man”, de Bruno Mars, “of course”. Mas ele não foi o único a cantar uma versão americanizada. Daniel, na parceria com Rubens Daniel, cantou “Bridge Over Troubled Water”, de Paul Simon e um dos maiores sucessos de Simon and Garfunkel.
Rubens Daniel, Lucy Alves, Pedro Lima e Sam Alves, finalistas do The Voice Brasil |
Rubens Daniel teve melhor sorte que Pedro Lima, inúmeras vezes elogiado por todos os técnicos na temporada. Mas na apresentação final fez as vezes de “backing vocal” e foi eclipsado por Lulu Santos, que parecia querer disputar o tempo todo com os outros técnicos. Lulu não entendeu que um dia ele já fora a Voz do Brasil, hoje não é mais.
A bela e talentosa paraibana Lucy Alves, do time de Carlinhos Brown, foi outra preterida pelo público. Tocou “De Volta Pro Aconchego”, de Dominguinhos, acompanhada da família, que forma a banda Clã Brasil. Podia ter sido consagrada na e pela TV Globo como mais uma sanfoneira famosa, da mesma envergadura de Adelaide Chiozzo – alguém se lembra de “Beijinho Doce”? Mas parece que a ordem do dia não era valorizar a cultura brasileira. Am I wrong, #TheVoiceBrazil?
farofafá
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