Eilzo Matos
Começo transcrevendo trecho de um dos comentadores de Tião sobre este cretinismo da Globo intitulado The Voice Brasil, para escolher a melhor voz do Brasil. Recordo, inicialmente, discurso pronunciado pelo senador paraibano Ronaldo Cunha Lima sobre a inconveniência e necessária proibição do uso e da publicidade de títulos e expressões em idiomas estrangeiros, em inglês principalmente, em substituição a fatos e expressões claramente, apropriadamente explicadas na linguagem usada pelos brasileiros: o português. Escolhi entre todos os ofendidos um Silva Silveira (sousense com certeza) que assim comentou a escolha : “The Voice Brasil. Aí queriam obrigatoriamente que Lucy (com y) Alves ganhasse. Certo. OK. Paraibana sim como eu! Cantora e instrumentista até demais! Para início da minha conversa não seria “The Voice” e sim A Voz do Brasil! Lembra-te de algo... Querem o q? A voz ou escola de idiomas: Fisk, Wizard, CCAA!” “Afinal, aliás”, falo como os sábios da minha feira. Prolegômenos. Gosto desta frase que criei ou copiei: vivemos dois mundos: o nosso e o dos outros. Dois mundos afastados, conhecidos, que constroem pelo costume ancestral o seu presente e o seu futuro. Muito bom, muito natural. Falo do meu mundo, paraibano, brasileiro e os outros, os estrangeiros, que falem dos deles, dos seus Não lhes desmereço os traços de sua tradição, de sua cultura; prefiro, entretanto, na realidade lógica da formação de minha consciência, os que guardei na minha memória. Sei algo de Robin Wood, João Sem Terra, Joana Darc, Samurais, que não me despertam nenhum sentimento emocional fundado no conhecimento de suas ações. A propósito, guardo imagens de personagens de Kurosawa, tiradas da Wikipedia, que nos conduzem à estrutura fática da busca da verdade, sugerem a impossibilidade de obtê-la através de um evento quando há conflitos de pontos de vista. Tanto no inglês como em outras línguas, "Rashomon" se tornou um provérbio para qualquer situação na qual a veracidade de um evento é difícil de ser verificada devido a julgamentos conflitantes de diferentes testemunhas. Na psicologia, o filme emprestou seu nome ao chamado "Efeito Rashomon”. Samurais, assaltantes de estradas povoam a história universal: do arquipélago japonês ao Saara e a Amazonia. Artisticamente, antropofagicamente deglutidos, como fazia Oswald de Andrade, considero-os cópias do guerreiros de Canudos, da Beata Mocinha, de Antonio Silvino e Fabiano. Estes repercutem dentro do meu peito. Himalaia pouco me sugere além de acidentes e tragédias da fogueira das vaidades. Agora quando falam na Borborema, na Serra de Teixeira desperto, e desfiarei um rosário de milhares de lendas e cantos que o mundo busca e gostará de escutar. E os sei de cor. Lucy Alves seduziu, maravilhou como a mais bela voz com o melhor repertório, cantando as melhores músicas do cancioneiro nacional. Os demais, influenciados e formatados pelo palhacismo-subdesenvolvido, deixaram de lado o vigor característico da nossa cultura. Uma pena. Aceito Fisk, Wizard, CCAA na avaliação de estudo de línguas, nunca em definições de traços da cultura nacional, como pretende a globo, cedendo até a investida argentária-evangelizadora do bispote Macedo, na ingente e impatriótica tarefa de colonização cultural do nosso país. E juntar dinheiro.
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