terça-feira, 17 de julho de 2012

SENADORES JOGADOS EM AÇUDE

SENADORES JOGADOS EM AÇUDE
Autor: Poeta J. Sousa
 

Certa vez um avião
Cheio só de senador
Lá de Brasília partiu
Com destino ao interior
Com meia hora de vôo
O piloto desmaiou
E o avião caiu
Próximo de Belo Horizonte
Bem perto de uma ponte
E apenas um homem viu.
  
Esse homem era um matuto
Que estava trabalhando
Numa roça de algodão
Da qual estava cuidando
Quando o avião caiu
Foi ele o único que viu
Ninguém mais havia perto
Ninguém pôde observar
Porque aquele lugar
Era um tanto deserto.
  
Quando o matuto viu
A queda do avião
Se aproximou pra perto
Pra ver a situação
Aí disse assim sozinho
"Oh meu Deus, morreu tudinho
E agora, o que vou fazer?
Já que eu não posso enterrar
Vou no açude jogar
Para as piranhas comer."
 
Aí pegou os senadores
E de um em um jogou
Num açude ali perto
Depois pra casa voltou,
E quando chegou em casa
Assou um peixe na brasa
E com farinha comeu
Aí todo satisfeito
Foi contar ao prefeito
O fato que ocorreu.
  
Selou o seu jumentinho
E desabou pra prefeitura
Para informar ao prefeito
Aquela tragédia dura
Na prefeitura chegou
Pediu licênça e entrou
Com a cara de cacete
E bastante satisfeito
Foi falar com o prefeito
No seu próprio gabinete.
  
Chegando no gabinete
Disse ao prefeito Biu:
"Seu prefeito um avião
Ali na ponte caiu
E assim que avistei
Pra perto me aproximei
E confesso ao senhor
Que enquanto observava
Notei que o avião estava
Cheinho de senador.
  
Aí eu fiquei, prefeito
Sem saber o que fazer
Vendo os homens tudo morto
Peguei comigo dizer
Com o coração dando tum tum
Meu Deus, Não escapou um!
Aí eu fiz o que pude
Não podendo carregar
Não tendo aonde enterrar
Joguei tudo no açude!"
  
Quando ele disse isso
O prefeito lhe falou:
"Era só homens ilustres
E você não reparou
Se algum vivo estava?
Enquanto você jogava
Não notou se algum dava
De vida alguns sinais?"
O homem disse: "Pratrão,
Uns três levantaram a mão
Mais não acreditei não
Político mente demais!"

Áudio do Poema:


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