O pinguelo de Fabiano

Ao pronunciar a palavra pinguelo durante o programa Correio Debate, o meu amigo Fabiano Gomes jamais imaginou que provocaria desmaios e resmungos junto as feministas, que se escandalizam com um simples nome e não se espantam quando o dito cujo, ou seja, o pinguelo, é amassado por protuberância mais fornida e galopante. Além disso, Fabiano, que está sendo esculhambado por alguns apressadinhos, abriu interessante debate sobre o que seja pinguelo, forçando as pessoas, entre as quais o que vos fala, a buscarem no dicionário o que realmente é esse objeto do corpo humano tão desejado e tão escandalizado.

Assim foi que abri o dicionário popular e li que pinguelo é “termo muito usado no Estado da Bahia para definir o clitóris, o grelo, o Tatamatá (Amazonas).

O mesmo dicionário informa a quem interessar possa que “Clitóris é a parte protuberante e carnosa da anatomia feminina, tecido eréctil, um pseudo pénis feminino”. Ouviram isso? Talvez tenha sido essa novidade que tanto desagradou a platéia ignara. Esse povo não sabia que mulher também possuía rola. E o dicionário em questão, para deixar tudo mastigado, explicado e esclarecido, dá um exemplo do uso da palavra pinguelo:

A mulher deixou o pinguelo á mostra aos que queriam vê-lo.” Eu mesmo não vi. Mas se tivesse visto, garanto que teria gostado.

O Dicionário Aulete, mais sério, mais científico, aborda o pinguelo assim:

pin.gue.lo) Bras. 

sm.

1. O mesmo que pinguela

2. O mesmo que gatilho

3. Bras. Tabu. O mesmo que pênis

4. BA Tabu. O mesmo que clitóris

5. Antigo nome que se dava ao partido liberal monárquico e a seus seguidores

[F.: alt. de pinguela]

Captaram a mensagem? Pois é, o que hoje tanto escandaliza essa gente, já foi nome de partido do período monárquico, naquele tempo em que as mulheres vestiam três combinações, cinco calçolas e depois se cobriam com um vestidão enorme, todo armado nas bordas com arame do grosso.

Minha pesquisa não morreu aí. Descobri o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa e, pasmem, ele enumerou novos significados para o pinguelo de Fabiano:

pin•gue•lo |é| 

substantivo masculino

1. O mesmo que pinguela.

2. [Portugal: Trás-os-Montes] Indivíduo palerma.

3. [Brasil, Tabuísmo] .Pênis.

4. [Brasil, Tabuísmo] Clítoris.

Palavras relacionadas: 

caralhada, tusa, michê, boiola, pentelho, puteiro, puteação

Portanto, amigo, quando alguém, querendo provocá-lo, o chamar de cara de pinguelo, tenha a certeza de que o ofensor o considera, além de um órgão sexual de diversos matizes, um palerma.

Encucado eu fiquei mesmo foi quando me deparei com essas definições contidas no Dicionario da Lingua Portuguesa:

pinguelo /ê/

nome masculino

1. peça da armadilha para pássaros; pinguelete

2. peia de falcão

3. tronco ou viga que se atravessa sobre uma corrente, para servir de ponte

(Do castelhano pihuela, «peia de falcão»).

Pinguelando...

Marcos Maivado Marinho

Com “pinguelo” ou sem “pinguelo”, ouvir Fabiano Gomes é bom demais. Sem ele, o Correio Debate não tem plus. Quando lá estão somente Heron Cid e Wellington, nem a tal “língua de aço” de Fodinha alavanca o Ibope. E acho que é por isso que Fabiano vai continuar deitando, rolando e, sempre que necessário, insultando...

Sabe por quê? O cara é autêntico, não maquia o que vai dizer. Solta pelos lábios, como diria Raymundo Asfóra, palavras prisioneiras do coração.

Diferente de um Morib Macedo, por exemplo, que se estica no ar de manhã catando as palavras difíceis que à noite copiou do “Aurélio”. Prá dizer que é intelectual!

Com Fabiano, não. A linguagem é a do povo. Rasteira, na maioria do tempo, para que todos – até pseudos intelectuais – entendam bem o que tem que ser entendido. É o seu estilo, fazer o quê?

Tá certo que poderia, como sugeriu Tião Lucena, ter dito no ar “clitóris”, o nome legal desse órgão que propicia prazer às mulheres. Mas, e seu Zezinho da boca torta lá do Cangote do Urubu vai saber lá o que vem a ser isso?

Concordo com as feministas e também com as femininas, de que dói ouvir ‘pinguelo’ no horário do almoço. Se fosse à noite... Ou de madrugada, quem sabe. E por debaixo dos panos, né?

Eu pessoalmente não me choquei com a pinguelada do Correio Debate. Mas Taty Vieira, Simone Duarte, Fernanda Souza, Carla Borba, Valéria Assunção, Marilena Motta, Cláudia Carvalho, Pâmela Bório, Marcela Sitônio e até Biuzinha Priqui parece que ficaram umas macacas.

Mas, passa. Hoje, amanhã, depois de amanhã, ninguém mais vai lembrar desse pinguelo e Fabiano certamente vai criar outras e outras polêmicas, pois é este o seu mister.

Pior, acho eu, são as novelas da Globo. Não falam em “pinguelo”, mas cutucam o danado toda noite, sem escrúpulos, sem censuras, sem vergonha... E toda a mulherada do Brasil batendo palmas.

Por isso, hoje e amanhã outra vez volto a sintonizar o Correio Debate para ouvir o gordinho.

Com pinguelo ou sem pinguelo!

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