RAMALHO LEITE
Outro dia contei nesse espaço o episódio da quase eleição do deputado José Lacerda para governador da Paraíba. A vaga ocorreria com a renúncia do governador Tarcisio Burity que, sem vice, teria um sucessor eleito pela Assembleia Legislativa. A hipótese já ocorrera antes, com a eleição de Milton Cabral diante das renúncias do governador e do seu vice. No projeto que não se concretizou, Burity condicionava a minha eleição para a presidência da Assembleia, para, em consequência, assumir o governo, enquanto aquela Casa elegeria o novo governador.Eu seria sacrificado, mas ganharia o prêmio de governar a Paraíba, mesmo por pouco tempo. Sacrificado? Exagerei... No pleito indireto que elegeu Milton Cabral, o deputado Evaldo Gonçalves, que presidia a Assembleia, recusou-se a ser governador. Era candidato à Assembleia Constituinte e se assumisse o governo, ficaria impedido. Eu, entretanto, quase fui presidente e quase fui governador... Outros políticos nascidos na antiga Bananeiras, lograram mais êxito, e chegaram a primeiro mandatário deste estado.
O primeiro deles foi Solon Barbosa de Lucena que pelos idos de 1916 chegaria à Chefia do Executivo, na condição de Presidente da Assembleia. Parente e correligionário de Epitácio Pessoa, voltou ao poder em 1920, desta feita, eleito presidente do Estado. Seu neto, Humberto Lucena, morreu sem alcançar o sonho de governar a Paraíba, mesmo sendo um nome nacional.
Na redemocratização do país,em 1946, foi a vez do bananeirense Odon Bezerra ocupar o cargo de governador. Odon foi ainda prefeito de Bananeiras e deputado federal. Ao falecer, ainda moço e com muito a oferecer aos paraibanos, era deputado estadual. Odon sucedeu a Severino Montenegro, desembargador e único Severino, até hoje, a ocupar o cargo. O jurista nomeado por José Linhares que, na presidência do Supremo, assumiu a República, nomearia Clovis Bezerra para prefeito de Bananeiras. Ao assumir, Odon exonerou Clovis do cargo de prefeito municipal. Não sabia ele que, um dia, seu primo ocuparia a cadeira que foi sua, no Palácio da Redenção.
Como João Agripino ficou sem vice, Clovis Bezerra Cavalcanti, na presidência da Assembleia, assumiria o governo varias vezes, na ausência do titular do cargo. Por eleição indireta, foi companheiro de chapa de Ernani Satyro, voltando ao Executivo, como substituto eventual. Na qualidade de sucessor, sua posse ocorreria após a renúncia do governador Tarcisio Burity para se candidatar a deputado federal. É que o dr. Clovis, como era conhecido, fora eleito vice-governador pela segunda vez.
Por ultimo,em 1986, na renuncia do governador e do vice, Wilson Braga e José Carlos da Silva Junior, foi chamado à chefia do executivo outro bananeirense, então presidente do Tribunal de Justiça, o desembargador Rivando Bezerra Cavalcanti que ficou no cargo entre maio e junho, enquanto a Assembleia sacramentava Milton Cabral e Antonio Gomes para completarem o mandato anterior. Evaldo Gonçalves, como já disse, presidente da Assembleia, sendo candidato a deputado federal, recusou-se a assumir o governo. Foi eleito à Assembleia Constituinte, que era o seu projeto. Diga-se de passagem, se desejasse ser governador, seria eleito tranquilamente. Como se viu, o engenhosa fórmula braguista não deu certo e seu candidato, Marcondes Gadelha, perdeu para governador. Por outro lado, o próprio Braga “cedia” a vaga no Senado, para o desconhecido Raimundo Lira.
Terminei fazendo um parêntesis indevido. Minha intenção era, apenas, registrar e destacar os bananeirenses que ocuparam a chefia do executivo estadual. A formula de Burity colocaria mais um bananeirense no Palácio,este Severino que vos fala,enquanto se fazia a eleição de Zé Lacerda para um mandato complementar. O projeto foi abortado.Não sei se por azar nosso ou sorte da Paraíba...
0 comentários:
Postar um comentário