Anúncio dos indiciamentos foi feito pela Polícia Civil nesta terça-feira, 19
Por Redação da Folha - O ex-delegado de Itaporanga e atualmente ocupando uma delegacia da capital, Francisco Basílio, foi indiciado juntamente com outros quatro policiais civis pelos crimes de extorsão, concussão e formação de quadrilha. Eles são acusados de receber dinheiro de traficantes, mas negam o delito e sustentam que as acusações não têm fundamento.
A denúncia contra o delegado e os policiais são resultado de uma operação conjunta entre o Grupo de Operações Especiais (GOE) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), desencadeada nesta terça e que cumpriu cinco mandados de busca e apreensão na casa dos investigados.
A operação, denominada de Concutere, que se refere ao ato de sacudir a árvore para que os frutos caiam, apreendeu um tablet, três pistolas automáticas, relógios e uma promissória no valor de R$ 2,3 mil.
Em coletiva que prestou à imprensa, o delegado do GOE, Cristiano Jacques, responsável pela operação, explicou como o grupo agia. “Quando os traficantes eram pegos em flagrante, os policiais exigiam quantias em dinheiro para, ao invés de autuá-los da maneira devida (por tráfico), confeccionavam um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência), que os livrava da prisão e tinha como consequência apenas uma advertência".
O suposto esquema foi descoberto após a denúncia da mãe de uma das vítimas, que gravou a negociação entre traficantes e agentes e entregou à polícia. O grupo chegava a pedir até R$ 30 mil para livrar os flagrantes.
Jacques disse que a prisão preventiva dos acusados foi solicitada à Justiça, com denúncia oferecida pelo Ministério Público, mas o juízo da 4ª Vara Criminal de João Pessoa não acatou o pedido, que já foi reformado ao Tribunal de Justiça, segundo o delegado, o que deve culminar com a prisão dos acusados a qualquer momento.
Para o secretário de Segurança, Cláudio Lima, durante a coletiva, “a Polícia Civil está cortando na própria carne, demonstrando lisura ao investigar integrantes da própria corporação”.
Além de Basílio, foram indiciados pelo crime de extorsão, concussão (corrupção praticada por funcionários públicos) e formação de quadrilha os policiais Luiz Márcio da Silva, José Rodrigues da Silva Júnior e Elenildo Pessoa da Costa, ambos agentes de investigação; e o motorista Milton Luiz da Silva.
Francisco Basílio comanda atualmente a Delegacia de Crimes Contra o Meio Ambiente de João Pessoa, enquanto os outros policiais acusados são integrantes da Delegacia de Roubos e Furtos, também da capital.
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