Após o cansaço advindo de lampejos de festas, não tenho como evitar a chegada do dia de hoje e, dele, reclamar qualquer algo que não tive ou que posso querer, pois só tenho mesmo a agradecê-lo.
Em meus aposentos, prossigo com intensidade toda razão de viver, de ser e de melhor fazer acontecer o prazer em debulhar os acontecimentos pretéritos, costurados pelos fios das minhas lembranças, transformando-os, a partir de agora, cordões de reflexões em alimentos saudáveis para o cerne da minha alma...
Depois, em momento tranqüilo, em forma de uma chuva suave que cai, lavando todas as impurezas derramadas pelo chão, meu corpo vai se moldando à composição física que o tempo me permite tê-lo; e o meu peito, coberto pelo manto das emoções, joga-me nos braços dos acontecimentos futuros...
É! Acho que agora não posso mais fugir da realidade; estou na cidade dos homens, onde a selvageria campeia aos olhos gritantes realizados pelos crimes horrendos, em todos os seus graus, e injustiças sociais desiguais, praticadas por esses seres em atitudes reles e gestos irracionais.
E, entre um ou outro conto de Moacyr Scliar, a tarde vai caindo, amparada pelo véu da noite, soletrada pelas notas da canção “Queimada”, de Fernando Lona, que não pode mais parar, levando-me para outra terra ou a outro horizonte de vida ao encontro da paz...
Penso que neste dia estou nascendo de novo. É o coração e a razão fazendo-me viver, porque sinto o sorriso puro das crianças me ensinando; a mão estendida da solidariedade me aproximando; o canto da saudade me acalentando; a compreensão, a simplicidade e a humildade no meu ouvido me ensinando e a oferta do amor e do perdão me humanizando...
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