quinta-feira, 31 de outubro de 2013

ISABEL(GALINHA) – DESMISTIFICANDO

IGalinha
ISABEL(GALINHA) – DESMISTIFICANDO ( José Assimário Pinto)

Isabel foi uma pessoa que viveu na Itaporanga antiga. Era uma ruiva de estatura mediana, cabelos desgrenhados, vestido comprido e pés descalços, perambulando pelas ruas do vilarejo.
Uns entendiam-na como uma louca, este escriba não.
Ganhara a alcunha de Zabé Galinha, quando na verdade, nunca fora galinha, nem nada na vida.
Há muitos anos a conheci e creio-a já falecida, posto que, já aparentava idade de mais de 50 anos, naquela época.
Em verdade, Dona Isabel fora uma vendedora de ovos e galinhas, por isso vindo a receber tal apelido.
Morava na casa de Dona Tiúta, uma senhora, mãe de Oraldo, protegidos do Senhor Luiz Loureiro, alto comerciante já citado em outro artigo anteriormente, e Dona Lozinha.
Oraldo tornar-se-ia sob os auspícios do Sr. Luiz Loureiro, também um ótimo comerciante, e progrediu bastante na vida.
Não sei mais nada sobre esse povo, eis que, na década de 60, fui estudar fora, no Seminário Nossa Senhora da Assunção, em Cajazeiras/PB, de onde saí com meus 17 anos.
Dona Tiúta e Isabel moravam numa casa situada na rua do Rosário, de fronte a Igreja de igual nome, tendo como vizinho outros Itaporanguenses ilustres, dentre eles o menino conhecido como Zé Ninguém, que viria a ser meu amigo de infância, bravo que só um siri dentro da lata.
Certa feita, Zé Ninguém pegou uma briga com Bené de Dona Octávia Pinto e Titi de Dr. Balduíno, que tive muita dificuldade em apartar, o preto brigava como ninguém, e talvez por isso tenha recebido a alcunha de Zé Ninguém.
Partira para Brasilia, nos idos de 1960, e soube que lá aprontara e viera a ser assassinado, coisa que ouvi dizer, não posso afirmar com certeza.
D. Tiúta era uma senhora destemida e trabalhadora, falava roucamente e dizia que passara a noite toda acordada com um pinto piando no telhado, afigurando-se cômica, a forma de contar histórias, com sua voz estranha.
Foi nesta época que despontou no Brasil o fenômeno que veio a ser chamado de “Ouro Branco”, na versão que era o algodão mocó, cultura disseminada na região e explorada economicamente.
Sobressaíram outros comerciantes no ramo, tais como o Senhor Caçula Pinto, pai do Médico Raimundo Nonato Pinto, Sr. Francisco Pinto Brandão, Sr. Josué Pedrosa, Sr. Manoel Moreira, Sr. Zé Ferreira, dentre outros.
As ruas ficavam todas tomadas pelo algodão mocó, tanto na rua da antiga Sambra, quanto na rua em que se encravava o Atlântida Clube, formando aquelas pilhas altas onde os caminhões transportavam para outras cidades maiores, em não existindo estradas e adequadas e/ou Rodovias ou Ferrovias.
Os burros eram usados pelos tropeiros, que heroicamente varriam todo o Nordeste, colhendo o precioso fruto e os comercializando Brasil afora.


 Os velhos tropeiros do sertão viriam a ser cantados em verso e prosa, daí a música Tropeiros da Borborema, de autoria do Tribuno Raimundo Asfora, advogado brilhante que tive o prazer de conhecer nas ruas de Campina Grande, e que inclusive chegou a ser eleito Governador do Estado, e cuja morte ainda é um enigma, pois que para uns fora suicídio e para outros assassinato.
O poeta e Governador Ronaldo Cunha Lima, de saudosa memória, insigne como aquele, ainda há pouco tempo cantava em versos a história do nosso povo.
Troquei a cidade de Itaporanga por Campina Grande, de onde haveria de aurir desses ilustres menestréis inúmeros conhecimentos, já despontando na vida para as letras e farras, vindo a tornar-me o que hoje sou.
Campina Grande, 30 de outubro de 2013.

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