quinta-feira, 23 de agosto de 2012

260 mil processos estão parados nas instâncias inferiores aguardando por decisões do Supremo


Terminada a 13a sessão de julgamento do mensalão, na noite desta quarta (22), os ministros do STF realizaram uma reunião administrativa. Nesse encontro, Marco Aurélio Mello queixou-se do fato de o Supremo ter virado tribunal de uma causa só. Disse que cerca de 260 mil processos estão parados nas instâncias inferiores do Judiciário à espera de decisões do Supremo.
Por quê? Deve-se o acúmulo à demora do STF em julgar os processos com “repercussão geral”. São casos em que a decisão do Supremo é usada para dissolver pendências judiciais que correm nas instâncias inferiores. Pela conta de Marco Aurélio, há na Corte Suprema 300 casos desse tipo, dos quais 15 estão em ponto de ser julgados.
A coisa funciona assim: ao relatar determinado processo, um ministro pode sugerir aos colegas que, em função da relevância social ou econômica, o caso seja apreciado sob o signo da “repercussão geral.” Significa dizer que o veredicto do STF será aplicado pelos juízes de instâncias inferiores para julgar causas idênticas ou análogas.
Com isso, evita-se que subam ao Supremo recursos envolvendo encrencas sobre as quais o tribunal já deliberou. Os 300 processos que aguardam na fila do STF repercutem sobre 260 mil casos. Como sabem que terão de seguir o que for decidido em Brasília, magistrados de todo país não têm alternativa senão a de aguardar. Daí a atmosfera de paralisia.
Monopolizado pela ação penal do mensalão, o Supremo não pode dar vazão aos demais processos. Daí o incômodo de Marco Aurélio. Normalmente, o plenário realiza julgamentos às quartas e quintas-feiras. Para apressar o julgamento do mensalão, decidiu-se que, neste mês de agosto, seriam realizadas sessões extraordinárias também às segundas-feiras.
Marco Aurélio sugeriu aos colegas que essas sessões de segunda sejam mantidas de setembro em diante. Seriam dedicadas preferencialmente ao julgamento dos processos com “repercussão geral”. Os ministros concordaram. Mas decidiu-se que, enquanto não terminar, o julgamento do mensalão terá prioridade sobre os demais.
A essa altura, dá-se de barato que a análise do mensalão invadirá o mês de setembro. A pretensão inicial era a de encerrar o julgamento até 30 de agosto. A maior parte da reunião da noite desta segunda foi consumida com um debate sobre a necessidade de os ministros abreviarem os respectivos votos.

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