O coreto e a praça eram a graça que passava pela vida dos seus visitantes ou moradores mais próximos, residentes em uma pacata cidade, sem nome, sem vaidade, sem prazo de validade, sem qualquer suporte de riqueza material ou estrutural; um local sem igual, aprazível, sem violência, sublimado, esmerado e adornado pelas circunstâncias ocasionais e pelos estados emocionais, elementos impulsionadores do moinho das emoções.
Era o sopro perfeito de uma vida ali bem vivida, crescida pelo ar puro das manhãs verdejantes; pelo canto dos passarinhos e pelo perfume exalado das flores espalhadas em seus canteiros à espera da companhia e dos olhares arrebatadores dos transeuntes; da pureza das crianças, correndo sem direção; e dos sorrisos dos casais enamorados, todos se escondendo da passagem temporária, querendo tão somente eternizar aquele cantinho do paraíso.
Das trocas de cortesias e de alegrias, somadas aos desdobramentos dos fatos inesperados e imagináveis, longe de quaisquer maldades, surgiam os laços sinceros das amizades, chancelados pelo enlace de um compromisso natural, até hoje visitados e revisitados, como presente, nos sonhos e nas lembranças das pessoas merecedoras e detentoras daquele tempo, que agora o pedem de volta.
Atualmente, as praças não são mais visitadas por aqueles elementos norteadores de encantos naturais, porque os fatos nelas acontecidos são totalmente programados pelo caminhar direcionado, orientado ou recomendado; pelos olhares desencantados e cheios de angústias, provocados pelos estresses diários; pelas atitudes mesquinhas dos que se dizem amigos solidários e pelos convites frios aos esquecimentos dos valores éticos, morais e sociais. Tão longe do ar puro; tão perto do escuro da indiferença e da solidão...
Portanto, não há outro caminho, local ou tempo para descobrir a felicidade, basta encontrarmos o significado do que nos fez e faz bem, aguçando a imaginação contida no rio da emoção que, dentro de nós, apenas reclama o querer acontecer do melhor de tudo: o prazer de viver.
José Ventura Filho - poeta e cronista. jventurafilho@bol.com.br
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