Por Kayky Avraham 02/10/2008
10 de Outubro, Dia Mundial da Saúde Mental
As perturbações psiquiátricas são muito diversas nas suas manifestações, tanto nas vivências como nos comportamentos. Receios irracionais vividos com grande dramatismo, estados de tristeza intensa e profundo desânimo, experiências fora do normal, estranhas para o próprio e para os outros, revelam a complexidade da mente humana e a sua fragilidade.
O Dia Mundial da Saúde Mental tem uma data no calendário ? 10 de Outubro. Com o intuito de não ignorar o referido dia, quisemos saber quais as doenças do foro psíquico mais comuns no nosso País. Descubra quais e saiba mais sobre o que mais perturba as mentes portuguesas...
Depressão Há vários tipos de depressão, que diferem nas causas, manifestações, gravidade e evolução. No entanto, podem encontrar--se factores comuns biopsicossociais, em diferente proporção, em todas as formas de depressão.
Segundo o director do Serviço de Psiquiatria do Hospital de Júlio de Matos, Dr. José Manuel Jara, «nos estados depressivos há uma diminuição significativa do ânimo e do estado do humor, em desproporção com as circunstâncias, tanto na intensidade como na duração dos sintomas».
Além da diminuição do humor, caracterizada pela tristeza e desânimo, contam--se também a perda de interesse e prazer e uma diminuição da energia, com fadiga e lentificação.
Outros sintomas frequentes são a diminuição da auto-estima, do desejo sexual, as ideias de culpa exageradas e o pessimismo. O doente passa, ainda, por uma diminuição da concentração e memória, por alterações do apetite e do peso, bem como por alterações do sono. As ideias e actos de suicídio também fazem parte da sintomatologia depressiva, sendo este um aspecto da maior importância e maior risco, a que, quer a família, quer o médico ou o próprio paciente devem estar atentos. Para cada pessoa pode haver sinais mais típicos no início da depressão.
«O próprio doente pode saber que está a iniciar-se uma nova crise por recordar as fases anteriores. Mas também pode acontecer que não reconheça que está doente, mesmo após várias experiências anteriores da doença. O primeiro episódio de depressão pode produzir incertezas, sendo frequente um atraso no diagnóstico médico», afirma o psiquiatra.
As depressões devem ser conceptualizadas como doenças e não como reacções compreensíveis ou como manifestações da personalidade. A idade em que se manifestam pode situar-se na infância, na juventude ou na terceira idade.
Quando os sintomas depressivos se instalam em resposta a situações de conflito ou perda, ou mesmo de stress excessivo, compreendem-se como uma reacção a circunstâncias psicológicas e sociais. Esta reacção acentua-se, gerando uma incapacidade para lidar com os problemas.
Noutros casos, a depressão pode instalar-se subitamente, ou num período curto, sem qualquer nexo psicológico. Por exemplo, na mudança de estação do ano, na sequência de uma doença física ou em resposta a um fármaco.
As depressões são transtornos frequentes. Segundo os dados fornecidos por José Manuel Jara, «nos países ocidentais a prevalência situa-se num risco, durante a vida, de 5-12% da população no homem e de 9-25% da população na mulher».
É de realçar o facto que a maioria das pessoas que sofre de depressão recupere após cada episódio.
Esquizofrenia A esquizofrenia é uma doença com sintomas mentais que abrangem a percepção, o pensamento, a vontade, os afectos e as emoções, de um modo qualitativamente diferente da psicologia normal.
O doente passa por experiências estranhas e bizarras, que vão desde o sentir-se o centro do mundo, ao ouvir vozes que levam o doente para um mundo imaginário povoado por «outros», passando pelas ideias muito fora da realidade, que defende com forte convicção. Estes sintomas contrastam com outros, designados «negativos», menos visíveis, mas muito incapacitantes, como a perda da vontade e do contacto afectivo, empobrecimento do pensamento e da linguagem.
Durante as fases agudas, a pessoa pode sentir um medo intenso, ficar agitada ou ficar imóvel e alheia e, por vezes, ter comportamentos agressivos.
Devido à gravidade da perturbação mental, o indivíduo isola-se e fica desadaptado nas relações humanas e na capacidade de lidar com a vida.
«Em geral, o doente não se apercebe da doença, havendo um sentimento de rejeição em relação à opinião dos outros sobre a necessidade de recorrer ao médico para se tratar», refere José Manuel Jara.
Os esquizofrénicos podem, ainda, sofrer de depressão. Nestes casos o risco de suicídio aumenta significativamente.
«As causas da doença não são bem-conhecidas. Há complexos factores genéticos e factores que interferem no neurodesenvolvimento do cérebro que estão entre as causas da doença», refere o especialista.
Outros factores, como o stress e o uso de certas drogas, podem contribuir para desencadear a doença em pessoas a ela predispostas.
No que diz respeito aos sintomas, os delírios e as alucinações, melhoram muito com a medicação antipsicótica. Os sintomas «negativos» cedem parcialmente com os medicamentos antipsicóticos mais recentes, desenvolvidos na década de 90.
A doença raramente começa antes dos 15 anos, mas pode manifestar-se em qualquer idade a partir daí. Em geral, a doença manifesta-se mais cedo no sexo masculino do que no feminino, podendo aparecer «nos anos que antecedem e sucedem os 20 anos, no adolescente e no adulto jovem», conforme afirma o psiquiatra.
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